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domingo, 20 de dezembro de 2009

Algo do cotidiano na busca de alfabetização para cidadania / florestania

Porto Alegre Ano 4 # 1235

Há quase consenso que a COP-15 resultou em frustrações ou mesmo fracasso. Mas, com milhões de assinaturas na petição, centenas de milhares de telefonemas e apelos massivos de todo o planeta, houve mobilizações significativas. A pressão funcionou e os governantes fizeram freneticamente nas últimas horas o que eles falharam em fazer por anos, mesmo que ainda divididos sobre o pacto que deverá impedir o aquecimento catastrófico de 2 graus.

Especialistas dizem que o Presidente Lula foi uma das melhores promessas de fechar a brecha e unir os líderes do norte e do sul. É verdade que ele acenou com compromissos audaciosos por parte do Brasil, tendo inclusive afirmado em um patético improviso que não consultara o Congresso ao prometer que o Brasil colocaria dinheiro para ajudar a defender o Planeta, Mesmo assim reitero minha postura considerando equivocada a defesa que o Presidente faz dos biocombustíveis. Defendo que não se plante cana para fazer álcool onde/quando se deveria produzir alimentos.

A petição – na qual esse blogue aderiu – se tornou o centro de uma revolta global contra o fracasso de Copenhague. Os nomes dos que assinaram a petição foram lidos por jovens que tomaram os espaços da conferência e em prédios de governos ao redor do mundo, incluindo o Departamento de Estado dos EUA e o escritório do Primeiro Ministro do Canadá.
A história está sendo escrita em Copenhague. N
ão pelos governantes e sim por nós, milhões de pessoas ao redor do mundo que estão engajados diretamente, minuto a minuto, como nunca antes, na luta para salvar o planeta. A pressão está funcionando, vamos dar tudo de nós.
Hoje dentre aquilo que esse blogue deseja – num laborar em utopias – uma continuada alfabetização científica, queria hoje quebrar essa série mais densa, onde há vários dias viemos nos ocupando com os problemas do meio ambiente. Trago hoje algo quase cotidiano. A proposta desse relato doméstico quer fazer algo que precede à alfabetização científica: uma desejada alfabetização na cidadania.

Lateralmente registro aqui a palavra ‘florestania’ como homóloga a cidadania, quando povos das florestas entendem que "não podem aceitar o conceito de cidadania, pois isso lembra cidade, coisa urbana. Nós somos um povo da floresta e defendemos a florestania, que é a cidadania do ponto de vista de quem vive na região amazônica. Florestania é felicidade, respeito ao meio ambiente, ganhar dinheiro com a floresta, sem destruí-la"

Depois dessa digressão trago um relato (quase) doméstico. Em ‘Sete escritos sobre Educação e Ciências”, em um momento, fiz-me intimista e contei que “digo com muita frequência para minha mulher que eu, como ela, também gostaria de ter uma super Rose. A Rose é um factótum que trabalha há anos para Gelsa. Ela não só faz de tudo como é uma insuperável ‘quebra-galhos’. Houve uma ocasião em que me dei conta, depois de inúmeros ensaios, que não sabia abrir o meu telefone celular para colocar o chip que havia sido antes removido. A Gelsa, sem pestanejar, disse: A Rose sabe! Fui a ela. Olhou, pensou e disse: deve ser assim, mas se eu não conseguir, acho melhor o senhor olhar o manual! Mas ela, em poucas tentativas, conseguiu. A Rose tem bom senso”.

Mais recentemente contei aqui que a Rose está grávida. Ela e o João esperam para os dias que inaugurarão 2010 uma menina, que se chamará Joana.

Assim, ao lado dos atuais fazeres domésticos, na semana passada, ela foi a uma conhecida loja da cidade para amealhar algo mais para o enxoval de sua primogênita. Queria converter o que lhe fora presenteado em dinheiro, por pessoas que torcem com ela nesses dias de fim de gravidez, em regalos para o nenê.

Ao retornar para casa, conferidas as mercadorias com a nota de pagamento, a super Rose faz duas constatações: uma, que faltava um item do que havia comprado; outra, havia itens que estavam registrados na nota fiscal com preços a maior (leia-se contra o consumidor) do que constava na etiqueta. Como damos créditos aos registros que são feito nas lojas, principalmente nessa época que transbordam clientes, essa conferência não foi feita na hora.

Ante o relato do ocorrido, a Gelsa que não perde oportunidade para clamar por justiça na defesa do direito do consumidor [Não é sem razão que é assinante da revista ProTeste] diz simplesmente: “Deixa para mim!”

Liga para loja. Pede para falar com a gerência. “Consultei meu advogado sobre uma situação ocorrida em sua loja (preliminar intimidatória que funciona, usualmente, muito bem) e ele me recomendou que primeiro lhe expusesse o ocorrido!”

Ante o relato, a contestação de que iria consultar o sistema para verificar o que ocorrera. Novo telefonema, agora da gerente da loja, já em mãos com a nota fiscal. ”É realmente houve dois enganos: um do caixa, que colocou preços equivocados e outro do encarregado do empacotamento, que deixou de entregar uma das mercadorias compradas, de 7 dos 11 itens foram cobrados valores superiores aos que constam na nota e um item não foi entregue. Queremos nos desculpar pelo ocorrido. Sua funcionária pode passar aqui na loja para receber a diferença e a mercadoria que falta.” Como: A senhora está querendo que uma grávida de oito meses volte a uma loja em dezembro, para ser ressarcida de enganos de vocês?” “Então, nós depositamos o valor na sua conta!” “E, o porta-cotonete, também será depositado na conta? Peço que façam a entrega do dinheiro e do objeto faltante em minha casa”. E a Gelsa acrescenta: “E eu também sugiro que tragam um presente para o nenê, por todos os transtornos que causaram pra a Rose e para mim!”

Tempos depois, com o dinheiro e o porta-cotonete, a loja entrega uma linda toalha de banho, com capuz, para acompanhar as futuras curtições da Rose e do João com a Joana.

E os direitos dos mais fracos foram restabelecidos. Isso é educação para a cidadania. E por isso me agrada fazer disso a blogada de hoje. Adito votos de um bom domingo para despedir a primavera.

7 comentários:

  1. Pois é, meu caro Mestre Chassot! Muita coisa mudou depois da Constituição de 1988. Nossa Carta Maior trouxe evoluções significativas em matéria de "direitos". Um deles, o do Consumidor, resgatou nossa cidadania, há tempos usurpada pela arrogância da Ditadura. Eu também fui beneficiado tempos atrás por uma companhia aérea, quando ainda morava em Brasilia. Recebi o valor da passagem de volta depositado em minha conta corrente sem sair de casa. Neste aspecto, são outros tempos. Boa Semana - Felicite a Rose em meu nome. JB.

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  2. Meu caro Jairo,
    Primeiro agradeço teus votos a Rose. Vou contar-lhe amanhã;
    Vejo no Código Brasileiro do Consumidor significativos avanços.
    Usualmente somos tímidos em fazer valer nossos direitos.
    Agradeço o prestígio que ofereces a esse blogue com teus comentários.
    Uma boa preparação para as festas.
    attico chassot

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  3. Professor Chassot, acompanho seu blog há um bom tempo (entende-se uns 6 meses). E não tenho me encorajado a comentar muito. Mas, hoje ao ler mais uma de suas postagens, não posso deixar de comentar. Muito boa a "ideia" da florestania, realmente um olhar interessante. E muito boa, a dimensão da educação para a cidadania. Venho defendendo na minha escola, uma discussão que busque fomentar, junto aos colegas professores e alunos, práticas que potencializem e visem uma educação para cidadania. Mas isso não é conteúdo, muitos ainda dizem, provocam, e fico pensando, como assim não é conteúdo?
    Parabéns professor.
    Uma ótima semana.

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  4. Muito estimado colega Luis,
    realmente tudo se resume na questão fulcral que trazes: O que é mesmo conteúdo? Há aqueles que se reconhecem se fazem parte de uma lista de assuntos que usualmente não acrescentam nada na vida de homens e mulheres. É muito significativo quando podemos trazer algo que realmente contribua para a cidadania / florestania onde o assim chamados ‘conteúdos Química’ podem ser discreto. Lembro sempre do dito popular: Mais vale ensinar a pescar do que dar um peixe. Muito obrigado por seres leitor deste blogue.
    Com estima
    attico chassot

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  5. Mestre Chassot, parece-me que a Gelsa é o que podemos chamar de "Paladina dos Consumidores". Sorte da Rose em ter uma pessoa como ela por perto, preparada para entrar em ação assim que necessário.
    Quanto a Copenhague, lamentavelmente, nossa utopia de Hopenhague converteu-se em Flopenhague. É uma lástima, mas, ainda assim, há esperança, pelo menos enquanto houver pessoas dispostas a bradar pelos seus ideais e pela defesa do mundo onde vivem.
    Ótimo dia.

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  6. Meu caro Marcos,
    realmente ensinar aos outros seus direitos é lutar para que tenhamos homens e mulheres cidadãos mais criticos. A Gelsa tem feito disso uma bandeira.
    Esperávamos mais de Copenhagen.
    Obrigado por teu comentário sempre bem vindo.
    attico chassot

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