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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

09.- Desenhar para aprender

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1863

O tema da edição de hoje me atinge particularmente. Já contei aqui, que por ser reprovado, duas vezes, em desenho (não consegui traçar uma parábola com tinta

nanquim, no vestibular para o curso de Engenharia) o destino – afortunadamente – me fez professor. No exercício da docência sempre fugi a desenhos mais elaborados. Assim fazer alguns orbitais ou determinados aparelhos de destilação não foram meu forte. Por outro lado lembro-me sempre da excelência dos desenhos de um professor de Biologia que tive no curso cientifico no Colégio Estadual Júlio de Castilhos.

Na Folha de S. Paulo, da última segunda-feira, 05 de setembro, se noticia um manifesto de pesquisadores que defendem o uso do desenho para melhorar a compreensão de conceitos científicos. Faço nesta edição a transcrição na íntegra da matéria assinada por Rafael Garcia de Washington. Com ela votos de uma excelente sexta-feira, anunciando que a dica de leitura de amanhã envolve bibliotecas.

Desenhar para aprender Um grupo de professores e psicólogos de países de língua inglesa tem feito crescer um movimento para que atividades de desenho com estudantes rompam as fronteiras da educação artística e entrem nas aulas de ciências. Uma série de novos estudos tem mostrado que os alunos são capazes de construir melhores interpretações de conceitos científicos quando eles próprios se envolvem na produção de imagens para representá-los. Iniciativas nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália têm tido sucesso tanto com crianças de dez anos quanto com estudantes de graduação em faculdades. "Quando alunos desenham para explorar, coordenar e justificar sua compreensão da ciência, eles se sentem mais motivados a aprender do que com o ensino convencional", escreve o trio de pesquisadores que assinou um manifesto na edição de 26 de agosto da revista "Science", o periódico científico mais influente dos EUA.

A razão para o sucesso dos professores de física, química ou biologia que estimulam os alunos a produzirem imagens não é apenas o aspecto lúdico da atividade. Segundo os pesquisadores, um dos motivos é que o desenho torna mais fácil para o docente identificar noções erradas sobre o que é ensinado.

"Quando você produz um desenho, é preciso ser muito explícito e ter claro aquilo que quer transmitir", disse à Folha Shaaron Ainsworth, psicóloga da Universidade de Nottingham (Inglaterra), que encabeça o manifesto. "Não há onde se esconder quando você tem de expor sua compreensão sobre determinado assunto com um desenho."

Segundo a pesquisadora, dinâmica semelhante ocorre quando os alunos têm de produzir um texto, mas alguns tópicos são mais sensíveis ao poder gráfico (que impede que estudantes apenas recitem frases de manuais).

O desenho em aulas de ciência é mais que uma ferramenta de avaliação da aprendizagem, mas também é tem impacto no seu próprio processo. Seu uso mais importante, defendem os educadores, é dar oportunidade de construir raciocínios visuais. "Após a apresentação de conceitos científicos, fazemos com que os alunos criem suas próprias representações antes de mostrar as imagens dos livros", diz Ainsworth.

Pintando o manual: Um evento que mobiliza cerca de 1.500 instituições no Reino

Unido, o Campaing for Drawing (campaignfordrawing.org), tem incluído temas de ciência em um mutirão de desenho organizado todos os anos, e professores adotam cada vez mais a ideia de expandir o universo além das aulas de artes plásticas. O desenho também tem sido usado para que estudantes possam ensinar outros.

É a abordagem de Felice Frankel, pesquisadora do uso da imagem para comunicação da ciência nos EUA. O

resultado está registrado em um banco de dados de desenhos de estudantes de graduação, o "Picturing to Learn" (picturingtolearn.org).Trabalhando com universitários em cursos de ciência, ela pedia que expressassem os conceitos que aprendiam em desenho, como se estivessem explicando teorias a um estudante de ensino médio.

"Quando desenham, estão aproveitando para clarear as próprias ideias", diz Frankel. Em iniciativas no ensino fundamental, um dos exemplos de sucesso é o projeto RiLS (Role of Representation in Science), coordenado pelos australianos Russell Tytler e Vaughan Prain, ambos da Universidade La Trobe. Usando uma abordagem similar à de Frankel, eles obtiveram melhorias na aprendizagem de crianças de 10 a 12 anos. "As escolhas visuais que faziam indicavam uma reflexão engajada em criar uma representação coerente do fenômeno", escrevem os autores na "Science".

O que muitos educadores se perguntam agora é se vale criar disciplinas especiais para que alunos desenvolvam a habilidade de desenho e percam a inibição. Um consenso é que, com ou sem horário reservado para isso, deve-se gastar mais tempo pondo estudantes para desenhar.

O prestigioso MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), por exemplo, trará Frankel, já no próximo semestre, para dar aulas de desenho em um curso projetado para estudantes de engenharia química

6 comentários:

  1. Caro Chassot,

    o assunto que trazes nessa sexta-feira novamente chuvosa de Porto Alegre, me fez recordar de um professor de matemática, na terceira série do ginásio, em Passo Fundo. Ele escrevia a data completa no quadro negro, com a mão esquerda. Voltava desenhando a data, de da direita para a esquerda, com a mão direita como sombra, com as letras de cabeça para baixo até o início da linha. Era um espetáculo. Eu nunca passei de garatujas.

    Um abraço,

    Garin

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  2. Caro Chassot,
    Correndo o risco de cair num lugar comum: "Uma imagem vale mais que mil palavras" pode ser a conclusão dessa "descoberta" dos cientistas. Abraços, JAIR.

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  3. Meu caro Garin,
    habilidade para desenho não tenho, mas curto uma caligrafia ao autografar um livro.
    Na torcido por tempos para nossos irmãos catarinenses,
    attico chassot

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  4. Meu caro Jair,
    realmente desenhaste a melhor síntese.
    Muito na torcida para que as águas retrocedam em Santa Catarina – mais uma vez – e os desabrigados possam retornar com segurança a suas casas.
    Com expectativa
    attico chassot

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  5. Ave Chassot,

    semana passada, quando li esta crônica, resolvi aplicar com meus pupilos da sexta série: foi exceltente. Eles adoraram e finalmente conseguiram diferenciar as classes de moluscos. Coloquei três exemplares no centro da sala e eles, em um círculo de classes ao redor, desenharam os gastrópodes, cefalópodes e bivalvos.

    Obrigado pela dica!

    Abraços,
    Guy.

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  6. ...na faculdade desenhávamos muito, eu aprendi bastante. Endosso totalmente o estudo.

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