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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

28.- Cristianismo litúrgico ou cristianismo folclórico?

Ano 6 *** PORTO ALEGRE

*** Edição 1942

Um domingo intenso este que quase despede novembro. Vivi nele situações marcadas por duas realidades antípodas aos humanos: a celebração da morte e o comemoração da vida. Mas, antes de trazer estas duas marcas fortes de meu domingo, permito-me uma pequena análise de algo a respeito de assunto no qual não tenho expertise.

Emito um comentário de quem observa que “religiosos ou não, estamos todos imersos em um mundo religioso”: Ontem o cristianismo, que é hegemônico no mundo ocidental, deu provas, mais uma vez, de quanto é também muito folclórico. Sua liturgia, que para mim é muito rica, parece passar despercebida para muitos.

Não estive ontem em nenhum templo, assim minha observação é do que não vi e não ouvi no cotidiano de ‘cristãos’: o envolvimento no seu tempo litúrgico. É sobre tal que, pretensiosamente, me arvoro em escrevinhador.

Considerando a parte do Planeta onde vivo, por uma questão de respeito às pessoas religiosas, encerrei a edição de ontem assim: “Com votos de um muito bom domingo e um feliz advento que hoje se inicia. Que este seja um tempo para os professos do cristianismo com a marca da expectativa do nascimento do Salvador”.

Um amigo meu, também bloguista (teólogo e pastor) encerrou assim sua blogada dominical: "Como hoje é o primeiro dia do novo ano [tema central de sua postagem], desejamos um ‘Feliz Ano Novo’ a todas as pessoas que professam a fé cristã! É também um convite para um período de preparação. Deve ser um período de alegria, pois o Natal é celebração da chegada da libertação.” Admitamos que um e outro, com crenças díspares, tínhamos sintonia.

Por outro lado, um dos maiores portais de notícias do Brasil, fez manchete assim: “Para católicos, hoje é o dia certo para montar a árvore de Natal” e a notícia, que meu juízo é plena de equívocos, mesmo que citasse o padre Hernaldo Pinto Farias, assessor para a liturgia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) dizia: “[...] para quem segue a tradição católica, a data certa para preparar a árvore é hoje, 27”. Eis uma relevância tola marcando um cristianismo folclórico.

Faria apenas uma pergunta para concluir o assunto: ¿Quem, dentre os que se dizem cristãos, recebeu votos e/ou desejou “Feliz Ano Novo” ontem? Poderíamos fazer uma pesquisa que talvez indicasse o índice de (não) adesão a um ‘cristianismo litúrgico’. Eu desejei ‘Feliz um ano novo’ para apenas um (muito religioso) mas este achou que eu estava caçoando. Mas, tudo isto não passa de especulação num ocaso de um domingo, nem sei se existe esta categoria de cristianismo.

Mas disse na abertura que meu domingo teve duas marcas fortes que são antípodas – mas naturais – na natureza humana: a vida e a morte. Uma e outra vivi em companhia da Gelsa.

Pela manhã fomos ao Jardim da Paz – nome poético para cemitério –. Cemitérios também se conhecem como ‘campo santo’. O Jardim da Paz é dos mais bonitos cemitérios que conheço. Não monumentos funerários e sim imensos gramados, onde uma pequena planta indica o local onde está sepultado alguém. Em uma de suas capelas estava sendo velada a Senhora Celi D’Angelo, que faleceu ontem quase nonagenário. Dona Celi é mãe da Rute D’Angelo Baquero. A Rute foi minha professora no mestrado e minha colega por muitos anos na Unisinos. Ela foi a alma-mater do Programa de Pós-Graduação em Educação e sua primeira coordenadora (1994/97). Eu fiz seleção para o Programa na sua gestão e como poucos posso atestar a exclencia de seu trabalho, pois fui seu sucessor na coordenação. Pranteavam à D. Celi também o Marcelo Baquero, meu amigo e colega de meus tempos de UFRGS esposo da Rute e a minha ex-colega de Unisinos, Mari Forster, sobrinha de Dona Celi. Foi muito bom fazer companhia para Rute. Marcelo e Mari em uma momento como este, onde o que mais me condoeu foi ver o pai da Rute, com 93 velando a companheira de quase toda uma vida. Então, nos asseguramos de nossas poucas certezas: a morte.

À tarde prelibamos a vida. Estivemos na casa da Clarissa, do Carlos e da Maria Clara. Muito provavelmente, nesta quinta-feira, dia 1º, a Clarissa – minha caçulinha querida, dará a luz à Carolina. Na foto a Maria Clara beija o ventre da mãe dizendo boas vindas ao nenê que advém. Isto me fará heptavô. Ocorre que então estarei em Araguaína, em Tocantins, para onde viajo na quarta-feira. Quando me dei conta desta colisão de agenda fiquei triste. Queria estar aqui. Assim fui me antecipar e desejar como se dizia em tempos passados: “Uma boa hora!” Há que imaginar como esta viagem me mantém com o foco em Porto Alegre.

Começo hoje rituais de despedidas no Centro Universitário Metodista, do IPA. Hoje tenho minha última aula na Universidade do Adulto Maior. Amanhã encerro minhas aulas na graduação. Dia 9 tenho a última aula no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão. Depois só me resta levar meus orientandos à defesa, na segunda quinzena de fevereiro.

Muitos de meus leitores já me ouviram dizer aqui o quanto estas atividades na UAM, que já ocorrem há quatro semestre, são para mim vibrantemente gratificantes. Sei quanto sentirei saudades deste grupo de alunas e alunos, todos com larga história de vida, marcada por saberes preciosos.

Agora, encerro esta edição com votos de uma boa semana. Amanhã, provavelmente, nos lemos aqui, uma vez mais. Até então.

2 comentários:

  1. Boa noite, bom dia Mestre.

    Puxa, agradeço professor, pois por estar afastada do seio familiar acabo me descuidando destas datas! Só posso desejar que a cosnciência cristinica se revele em cada ser humano.

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  2. Caro Chassot,

    de fato, a árvore de Natal não é das mais caras à tradição cristã. Ela é muito mais uma invenção da sociedade de consumo e estimula a compra de presentes, muito bem vinda aos comerciantes que celebram o crescimento das vendas todos os anos. A armação do presépio e o estabelecimento da coroa do advento, com cinco velas (para as vermelhas serem acessas uma a cada domingo e a vela branca no dia do Natal) é mais genuína. O presépio só deve ser desarmado no dia seis de janeiro, Dia de Reis em celebração à chegada dos reis magos do oriente ao local onde estaria a família de Jesus com o pequeno. Apesar na simplicidade do menino, são os reis orientais que lhe presenteiam com ouro, incenso e mirra.

    Um abraço,

    Garin

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