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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

31.- QUANDO 1 = 15.000.OOO



Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2008

Hoje, dia 31 de janeiro, às 18h será celebrada missa de sétimo dia, em memória do Professor Roque Moraes. Esta ocorre na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, situada na Rua Dario Totta, nº 24, em Teresópolis, Porto Alegre.



Li no texto Colesterol e desigualdade de Moisés Naím [Folha de S.Paulo, p. A14 27JAN2012] que existe (assim como o colesterol) 'desigualdade boa' e 'ruim', mas que o truque consiste em conter a segunda no nível mais baixo possível.
O referido artigo é a propósito do quanto, nos Estados Unidos e em outros o principal tema político de 2012 será a desigualdade. Neste ano, haverá eleições em países que concentram 50% da economia mundial. E, em todos eles, os protestos contra a desigualdade e as promessas de reduzi-la farão parte do debate.
Para Moisés Naim a “desigualdade não é nova. O que é novo é a intolerância em relação a ela. As grandes maiorias nos países mais ricos, alquebradas por desemprego e austeridade, começaram a interessar-se pela distribuição de renda e pela riqueza. E o interesse pelo tema se globalizou. Por muito tempo o mundo viveu em coexistência pacífica com a desigualdade (com ocasionais revoluções que interromperam a coexistência)”.
A propósito o autor apresenta uma manchete do "Los Angeles Times", "os seis herdeiros da Wal-Mart são mais ricos que a soma dos 30% dos estadunidenses com renda mais baixa". Fiz uma ‘continha’. Se os Estados Unidos tem cerca de 309 milhões de habitantes, seis deles têm o mesmo que têm outros 92,7 milhões. Ou seja, cada um dos herdeiros da Wal-Mart tem o mesmo que outros 15 milhões de estadunidenses. Isto é aproximadamente 1,5 vezes a população do Rio Grande do Sul,
Parece ser senso comum que há ai deve ter dinheiro mal havido, especialmente se entendermos que a Wal-Mart — talvez a maior multinacional do Planeta — tem cerca de 50 anos e opera no setor de supermercados e lojas de departamentos. É difícil ficar insensível a tamanha desigualdade. Mesmo que no Brasil o lema seja: “Wal-Mart – É pagar menos. É viver melhor”
Mas nem todos criticam a riqueza. O banqueiro Jamie Dimon, presidente do JPMorgan Chase, declarou exasperado: "Não entendo nem aceito essa coisa de criticar o sucesso ou agir como se todos os bem-sucedidos fossem maus". A perplexidade de Dimon é baseada na suposição de que riqueza é o modo como a sociedade estimula e premia inovação, talento e esforço. Quem é rico merece sê-lo.
Mas nem sempre. Grandes riquezas também podem ser fruto de corrupção, discriminação ou monopólios. Na lista dos mais ricos do mundo, há muitos milhares de milionários que chegaram a isso mais graças ao Estado do que ao mercado.
É ainda de Moisés Naim a afirmação: “A desigualdade econômica em alto grau é prejudicial à saúde de um país: acarreta instabilidade política maior, mais violência e também prejudica a competitividade e, no longo prazo, o crescimento”.
Talvez esta blogada pudesse ter o mesmo encerramento que a postagem de ontem: Façamos algo (e torçamos nos países em ocorrem eleições) para que UM OUTRO MUNDO SEJA POSSÍVEL 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

30.- FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO


Ano 6 ***    UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL      *** Edição 2007
Quando tive minha formação religiosa, aprendi que existia ‘pecado de omissão’. Faço pública minha expiação.
Aconteceu em Porto Alegre e na região Metropolitana (Gravataí, Canoas, São Leopoldo, e Novo Hamburgo) de 24 de janeiro até ontem (29) o Fórum Social Temático (FST) 2012. Este é um evento que se insere no processo altermundista iniciado pelo Fórum Social Mundial (FSM), em 2001. As atividades do FST 2012 debateram questões referentes a três temas: a crise capitalista que atinge a Europa principalmente e a busca por justiça social. A proximidade da cúpula da ONU para o desenvolvimento sustentável (Rio+20), que acontece em junho, no Rio de Janeiro, e a Cúpula dos Povos, reunião alternativa à Rio+20, colocam a pauta ambiental em evidência e motivam a formulação pelos movimentos sociais de propostas alternativas às que serão apresentadas pelos governos.
Tendo participado ativamente das edições do FSM que se realizaram em Porto Alegre: 2001, 2002 (pela imprensa, pois estava no pós-doutorado), 2003, 2005, 2010, sem encontrar explicações, me omiti nesta edição do FST, limitando-me a acompanha pela TVE e Cultura FM, a partir do dia 25. Esta edição do blogue é uma tentativa de trazer algumas informações e decisões ocorridas.
O FST é um evento altermundista organizado por um grupo de ativistas e movimentos sociais ligados ao processo do Fórum Social Mundial. O tema de 2012 foi Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental. O FST 2012 se propõe ser um espaço de debates preparatórios para a Cúpula dos Povos, reunião alternativa à cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho, no Rio de Janeiro. 
A Assembleia dos Movimentos Sociais, constituída no Fórum Social Temático 2012, sobre justiça social e ambiental, convocou na tarde deste sábado (28), uma jornada de lutas das entidades a partir do dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Durante o encontro, foi aprovada uma carta assinada pelos movimentos que defende, entre outros pontos, a centralidade da luta por justiça ambiental em oposição ao modelo de desenvolvimento capitalista.
A data das mobilizações ocorre 10 dias antes da Cúpula dos Povos, programada para ocorrer paralelamente à Conferência Rio+20, da Organização das Nações Unidas (ONU).
 Segundo a organização do evento, a Coordenação dos Movimentos Sociais, cerca de 1.500 pessoas lotaram o auditório da Usina do Gasômetro, na margem do Rio Guaíba, em Porto Alegre (RS). Durante toda a assembleia 30 entidades, 20 nacionais e 10 internacionais, se revezaram na defesa de suas bandeiras e propostas por um outro mundo possível, lema do processo do Fórum Social Mundial.
 Como descreve o documento o documento final da Assembleia do FST deste sábado, protesta contra políticas conduzem a "guerras, ocupações militares, tratados neoliberais de livre-comércio e medidas de austeridade expressas em planos econômicos que privatizam bens, cortam salários, reduzem direitos, multiplicam o desemprego e exploram os recursos naturais".
João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( MST), foi nomeado responsável para dar um panorama geral da conjuntura internacional. Ele alertou que os trabalhadores estão apáticos e que os movimentos tem uma grande responsabilidade nisso, no sentido de acordar a classe trabalhadora. "Nós ainda precisamos tirar os trabalhadores da apatia", exclamou. Para Stédile, o cerne da mobilização deve ir direto na produção do capital. “Se quisermos realmente derrubar o capitalismo temos que parar a produção.”
Outro desafio colocado na fala do dirigente do MST é o controle dos meios de comunicação. “A burguesia controla a população através da televisão. Precisamos enfrentar o problema dos meios de comunicação de massa”.
Os movimentos sociais do Fórum Social expressaram em nota sua "rejeição as falsas soluções para crise" e denunciaram que "os agrocombustíveis, a geoengenharia e os mercados de carbono" são "somente novas fantasias de um mesmo sistema".
A intenção dos movimentos do Fórum Social Mundial é alertar os governantes mundiais que a "sociedade civil" exige o fim do "processo de "destruição" do planeta.
O objetivo é que a mobilização global seja similar ao movimento contra a globalização de 15 de fevereiro de 2003, que levou 15 milhões de pessoas às ruas de centenas de cidades do mundo inteiro para protestar contra a Guerra do Iraque.
Neste sábado, o movimento contra a globalização confirmou que durante a Rio+20 fará no Rio de Janeiro o que batizou de "Cúpula dos Povos", um protesto pela falta de compromisso real contra a mudança climática causada pela ação depredadora do homem.
"O aquecimento global é resultado de um sistema capitalista de produção, distribuição e consumo" dominado pelas "multinacionais, instituições financeiras e organismos que não querem reduzir suas emissões" de gases poluentes, diz o comunicado divulgado neste sábado pela Assembleia dos Movimentos Sociais.
O comunicado denuncia que "agora pretendem impor a economia verde como solução da crise ambiental e alimentícia", mas afirma que isso "agravará o problema e vai resultar na mercantilização e privatização da vida".
A "tentativa de 'tornar verde' o capitalismo, acompanhado pelos novos instrumentos dessa economia verde, é um alerta para que os movimentos sociais reforcem a resistência e assumam obviamente o papel principal na construção de novas alternativas à crise", acrescenta.
Com relação à questão ambiental, as organizações sociais expressaram "solidariedade a luta dos povos do mundo contra a lógica depredadora e neocolonial das indústrias extrativistas e as mineradoras multinacionais".
No que diz respeito à situação financeira global, a nota indica que "todos os povos do mundo sofrem atualmente os efeitos do agravamento da profunda crise do capitalismo" E adita que os "agentes do sistema", identificados como "bancos, multinacionais, grandes grupos de mídia, instituições internacionais e Governos a seu serviço", buscam "aumentar os próprios lucros por meio de políticas intervencionistas e neocoloniais".
Ajudemos para que UM OUTRO MUNDO SEJA POSSÍVEL      

domingo, 29 de janeiro de 2012

29.- DOIS FILMES PARA DESEJAR UM BOM DOMINGO


                                                 
Ano 6 ***   www.professorchassot.pro.br    *** Edição 2006
Em mais de 2 mil edições neste blogue poucas vez comentei filmes. Mesmo sendo um gênero artístico que me encanta, nunca me julguei com expertise para comentar cinema. Aliás, peco pela inveja, dita santa, ao ver a habilidade de alguns comentaristas.
Mas este último fim de semana foi de bons filmes e na busca de assunto para uma enxuta blogada dominical, compartilho com meus leitores algumas fruições. Fui um pouco pirata no roubo de alguns comentários.
Ontem, saímos para ir a uma sessão às 12h. Não vou reprisar a tese do quanto se arrumar para sair tem um plus sobre a opção de acomodar-se em casa em detrimento da tela grande.
Parece que ir cinema ao meio dia tem certa transgressão. Esta foi premiada. Encantamo-nos com Os Descendentes — um belo exemplo de como fazer bom cinema usando o cotidiano das pessoas como matéria-prima. Honesto e realista consegue fazer rir e chorar sem recair nos lugares-comuns típicos dos filmes do gênero drama familiar. O filme que estreou no Brasil nesta sexta-feira ao lado destas emoções tem algo mais: uma fotografia do Havaí — que nos faz desejar visita-lo — e uma música com canções folclóricas havaianas sensacional.   Merecidamente foi o vencedor do Globo de Ouro 2012 de Melhor Filme/drama e de Melhor Ator para George Clooney. Só uma recomendação: há um muito bom filme estreando.
Mas dedico espaço maior para um filme que assistimos na noite de sexta-feira: Minhas Mães e Meu Pai Título original: The Kids Are All Right / Lançamento: 2010 (EUA) / Direção: Lisa Cholodenko /Atores: Julianne Moore, Annette Bening, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson / Duração: 106 min / Gênero: Comédia Dramática
Minhas Mães e Meu Pai – raro caso em que o título brasileiro soa melhor e mais honesto que o original – é destas pequenas pérolas que, vez por outra, encontramos pelo caminho.
Sua história é centrada em cinco personagens, cada qual minuciosamente construídos. Nic (Annette Benning) e Jules (Julianne Moore) formam um casal de lésbicas que fizeram inseminação artificial com sêmen de um mesmo doador e tiveram dois filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson).
Assim que a filha mais velha completa 18 anos, Laser a convence a procurar o doador do sêmen usado na inseminação de ambos. A introdução de Paul (Mark Ruffalo) na família aparentemente tão bem constituída será delicada e as mães terão que colocar na balança todos os problemas, para saber se o doador é ou não bem-vindo como o pai das crianças.
O arco dramático formado não é em nenhum momento abandonado pela diretora Lisa Cholodenko,   que transformou o ótimo roteiro num filme delicioso de ser assistido; divertido em seu primeiro ato e dramático na sequência. Uma história especial, sensível e inteligente. As relações das duas mulheres, evidentemente, ficam cada vez mais complicada quando Jules se envolve-se com Paul.
'Minhas Mães e Meu Pai' foi considerado pelos críticos do Festival de Cinema de Berlim a sensação do evento. A comédia com temática GLS é dirigida pela estadunidense Lisa Cholodenko — que é homossexual —, responsável pela direção de episódios das séries "The L World" e "Six Feet Under".
Assim falei entusiasmado de duas pérolas da sétima arte. Adito votos de um bom domingo. A Gelsa e eu temos planos de repisar um ‘ver filme no cinema’ hoje.

sábado, 28 de janeiro de 2012

28.- VAI CHOVER NO FINAL DE SEMANA?



Ano 6 ***  Porto Alegre  *** Edição 2005
Um dos fazeres mais recorrentes nos últimos dias é olhar nuvens e rogar que elas se transformem em chuva. Talvez, por não sermos de muita fé, nossos rogos não são ouvidos. Mas também pensamentos mágicos, mitos e outros óculos usados nesta mirada aos céus não têm funcionado.
Este preâmbulo cético tem haver com a dica de leitura sabática. O livro de hoje me é familiar, pois pertence a coleção Aldus, do qual faz parte o meu A Ciência é masculina? É, sim senhora!
Hoje a dica de leitura proposta de maneira diferenciada, digamos em estilo férias. O livro tem estes dados:
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas Vai Chover no Final de Semana? São Leopoldo: Editora Unisinos; 120p, Formato12,5 x 18 cm ISBN: 85-743-1147-2; 2003.

O autor, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo, doutor em Ciências pela Universidade de Paris. Foi fundador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins no Rio de Janeiro. Escreveu dezenas de obras nas áreas de Astronomia e Meteorologia.
Vai Chover no Final de Semana? Trata, numa linguagem acessível e de forma bem-humorada, da evolução da ciência meteorológica, apresentando os principais elementos que permitem prever as condições do tempo com alguma exatidão.
Eis os capítulos: Meteorologia / Do folclore à ciência / Previsões / Dados meteorológicos / Faça a sua previsão / Previsão por satélite / A lua influencia o tempo / Raios, relâmpagos e trovões / Furacão / Marcas notáveis / O clima está mudando? / O meteorologista / Previsão e mídia.
Há ainda cerca de duas dezenas de verbetes como Alísios /El Niño /anemômetro / orvalho / sereno / regelo nas quatro páginas de vocabulário e várias referências bibliográficas.
O livro abre com uma EPÍGRAFE. Trago uma versão adaptado da mesma. Ela traz do sabor do livro. Com ela votos de um bom de semana e de preferência com chuvas pelas bandas de onde este blogue é editado.
Contam que, em um dia de outono, um cacique foi procurado pelos homens da tribo. Queriam saber se o inverno seria rigoroso. Atônito, hesitante, o cacique balbuciou que faria muito frio. Sem hesitar, a tribo passou a recolher pilhas de lenha.
O cacique, que não tinha estimativa confiável do tempo desde que seu pajé fora morto por grileiros de terra, apelou ao serviço de meteorologia para checar sua previsão. Afinal, ele era admirador da tecnociência branca desde que assistira a um vídeo da Funai sobre a teoria dos fractais, a estatística e a econometria, sabedorias que permitiam prever desde safras de abóbora e temporais até erupções de vulcões e inflação.
Do orelhão da tribo ligou para o serviço de meteorologia, que confirmou sua previsão: as primeiras evidências mostravam que, sim, faria frio.
Passado um mês, vendo sua tribo dizimar a floresta em torno com mais rapidez que madeireiras malaias ilegais, voltou a ligar para a meteô. Ouviu a mesma previsão.
À beira do inverno, já não era possível andar entre as malocas. A tribo acumulara toda a lenha disponível nas redondezas e ainda comprara pilhas de papel de carroceiros paulistanos, que recolhiam relatórios de inflação do lixo dos bancos da avenida Paulista. Angustiado, o cacique voltou ao orelhão, que foi taxativa sobre as evidências agora incontestáveis de que o frio seria terrível.
O cacique arriscou-se enfim a contestar a sapiência meteorológica. "Mas como vocês têm tanta certeza de que fará frio?", perguntou.
"Porque faz meses que vemos os índios armazenar muita lenha para o inverno", foi a resposta.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

27.- BELUGAS: ¿O que é isso?



Ano 6 ***  Porto Alegre  *** Edição 2004
Nesta sexta-feira, como nas quatro anteriores, o Prof. Guy B. Barcellos, do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática – PUCRS e nosso correspondente internacional, ora em Atlanta, USA, nos leva a novas viagens subaquáticas. Depois de ter narrado aqui, em julho, seus mergulhos no oceano Índico, quando desvelou para os leitores deste blogue algo das Ilhas Mauritius, a cada sexta-feira, desde 29 de dezembro, temos podido acompanhar seus périplos estadunidenses.   
Provavelmente não são todos os leitores deste blogue que saibam o que são belugas. Eis uma oportunidade de conhecê-las em um texto saboroso com fotos nas quais vemos um dos assíduos comentaristas deste blogue com belugas. Vale ler um polímata cronista.
Sopranos polares Certa vez um amigo, irritado com minha obsessão pela música lírica, sempre fazendo referência das situações da vida à alguma ária operística, disse que para mim a ópera era a medida de todas as coisas. Discordei, achei um exagero da parte dele. O tempo foi passando e penso que é cada vez mais propício assumir que ele estava correto. Logo saberemos por que.
Nesta terça-feira, 24 de janeiro, tive a oportunidade de interagir com as belugas (Delphinapterus leucas) do Georgia Aquarium, estas são cetáceas do grupo odontoceti, ou seja, são mamíferos marinhos com dentes, parentes dos golfinhos e das baleias assassinas, podem chegar a seis metros. Estes animais habitam os mares do norte, populações ocorrem em diversas regiões do círculo polar Ártico. Os cientistas do Georgia Aquarium, em parceria com outras instituições de preservação e pesquisa, acompanham todas as populações de belugas através de micro-sonares instalados em suas nadadeiras e analisam os fluxos genético destes animais através de coleta amostras de sangue de suas caudas. Não são animais ameaçados de extinção, mas estão cada vez mais vulneráveis às orcas pela diminuição gradativa da camada de gelo que as protege.
Por viverem em regiões congeladas elas não possuem barbatanas dorsais (importantes para estabilizar o mergulho em grandes velocidades), não precisam pois não nadam rápido como as orcas, e mais, se o tivessem provavelmente sofreriam injúrias ao se encostarem no gelo. Esta característica é uma típica causadora de concepções errôneas sobre evolucionismo, um desavisado poderia pensar que estes animais perderam as barbatanas dorsais por não usarem, uma concepção atraente e intuitiva, com traços lamarckistas, no entanto errada. Fica meu alerta aos alfabetizadores científicos que sempre cuidem para que seus alunos não incorram neste erro tão comum.

Na verdade o que possivelmente ocorreu foi que os indivíduos que possuíam a barbatana dorsal não podiam habitar as zonas congeladas, que são vantajosas pelo isolamento de predadores e a menor competição por alimento. Portanto aqueles indivíduos que sofreram uma mutação e perderam a barbatana dorsal talvez tenham tido mais vantagens neste hábitat e deixado mais descendentes. Esta é a hipótese mais razoável que os estudiosos destes animais encontraram. Dificilmente saberemos o que exatamente ocorreu, visto que as barbatanas são cartilaginosas, tecidos moles, portanto dificilmente teriam fossilizado. Este assunto pode ser tema de um tractatus...
Por viverem no gelo estes animais são os mais “falantes” entre as baleias, uma vez que precisam comunicar-se entre os indivíduos e utilizar sonares para encontrar buracos no gelo onde respiram. Produzem sons através do melão, uma estrutura esférica localizada na cabeça composta por lipídeos, que, controlada por músculos, produz pressões nas vias respiratórias que modulam sons, muitos bastante sonoros e bonitos. O melão não serve para receber sons, somente para produzi-los, a mandíbula sim atua como apurado receptor de sons.
Sua pele possui uma camada de gordura de quase 5 cm para protegê-las do clima inóspito e é alva como o gelo, para camuflarem-se, evidentemente. Também são as únicas capazes de nadar de “marcha ré”, suas nadadeiras laterais (na verdade mãos, com cinco dedos, ocultos por uma luva de músculo e tecido conjuntivo) são articuladas de forma que possam nadar para trás. Mais uma vez o gelo foi a pressão seletiva que ocasionou esta característica peculiar. São predadoras carnívoras de peixes e crustáceos, não comem animais maiores porque os dentes são pequenos e a faringe é estreita.
As quatro belugas (dois casais) do Georgia Aquarium nasceram em cativeiro, sua função é múltipla: entretenimento e lazer aos visitantes, educação da comunidade acerca dos mamíferos marinhos e pesquisa. Através destes espécimes os pesquisadores podem ter acesso à dados morfofisiológicos nunca antes prospectados como frequência cardíaca medida em longos períodos, saturação de oxigênio no sangue, reprodução, citologia etc.
Todas são treinadas e possuem dois treinadores cada, ficam assistidas 24h. Pela minha experiência pude perceber o quanto estes animais apreciam estar no aquário e gostam de aparecer. Têm uma simpatia por crianças, desenvolvem brincadeiras e cada uma tem seu temperamento distinto. Umas mais obedientes e/ ou brincalhonas, outras menos. Seus dentes são escovados e higienizados semanalmente.
Apesar de produzirem sons a uma frequência audível aos seres humanos não escutam o comprimento de onda da nossa voz, portanto são treinadas para obedeceram a sinais com as mãos de seus treinadores. Para virarem-se de barriga para cima, produzirem sons determinados, mostrarem a cauda (local propício para coletar sangue por não ter camada de tecido adiposo e ser altamente vascularizado), expelirem ar pelo respirador (para os veterinários verificarem secreções nas vias aéreas) ou até mesmo pularem ou darem um “beijinho” nos visitantes. Tudo isto baseado no condicionamento pavloviano: obedeceu ganha peixe.
A beluga chamada Beethoven, a mais velha e mais educada gosta muito que acariciem sua língua. Perguntei por que e a treinadora simplesmente disse que não sabia. São animais muito inteligentes, capazes de aprender e de desenvolver gostos e algo como uma cultura rudimentar. Arrisco dizer que têm seus “memes”, termo desenvolvido pelo biólogo Richard Dawkins para designar os “genes” da cultura, unidades onde atua a seleção natural. Sim, a cultura também passa por evolução darwiniana. Quem se interessar por este assunto poderá encontrar uma excelente explicação no livro “O Gene Egoísta” do próprio Dawkins, edição atualizada e em português pela Cia das Letras.
Nesta experiência uma das coisas mais impressionantes é a sonoridade e a musicalidade destes animais, emitem uma gama de sons muito bonita e diversa. Para um apaixonado pela música como eu as baleias cantando realmente encantam. A maioria dos malucos por ópera têm fascínio pelas notas agudas, em particular o mi-bemol 6 (também chamado E-flat), dado pelas sopranos no clímax das árias das óperas românticas da primeira metade do século 19, levando plateias ao êxtase. Qual não foi minha surpresa quando a treinadora mandou que eu regesse com a mão como se fosse um maestro e a beluga produz um sonoro som agudo, lembrando um “E-flat”! Admirada com meu assombro a treinadora disse: “Elas são os canários do mar”! Rebati: “Para mim são as sopranos do mar”!
Conclusão: meu amigo tinha razão. Para mim a ópera é a medida de todas as coisas.
Minha mãe e conselheira disse que abusei nos termos e jargões biológicos, se algum trecho ficou muito esotérico ou algum termo muito complicado deixem nos comentários a pergunta que respondo logo. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

26.- Agora, uma vez mais.. Porto Alegre



Ano 6 ***    Porto Alegre   *** Edição 2003
Depois de 10 dias de postagens no exterior, quando este blogue aumentou suas postagens em um país (Chile 15º) e duas cidades no exterior (Santiago 24ª e Mendoza 25ª) esta postagem é uma vez mais de Porto Alegre.
Insiro-me ao calor arábico que faz no Rio Grande do Sul. As temperaturas aqui são maiores que aquelas anunciadas que teríamos em Buenos Aires.
O retorno de 10 dias de férias fora de casa é exigente em no nos inserirmos uma vez mais nas rotinas. Ter, uma vez mais telefones a contestar parece até algo meio exótico.
Foi uma quarta-feira que começou na madrugada (as 3h no horário dos últimos 10 dias), pois tínhamos que estar no aeroporto às 4h. O voo Buenos Aires/Porto Alegre é de apenas 70 min (comparado com o anterior Mendoza/Buenos Aires de 80 min). Às 10 horas colocava em funcionamento o carrilhão da Morada dos Afagos que definia novo ordenador do tempo, que nestes próximos dias está definido para passar em ritmo de férias domésticas, que reputo como alternativa, também, muito proveitosa.
A morte do Roque Moraes ainda me envolve muito e as emoções aditadas por alguns colegas a blogada desta quarta-feira traduzem muito que foi o Educador que perdemos. O que está escrito pelo colega Luis Otavio Amaral, da UFMG é alfo digno dos mais merecidos necrológios. Há por a Educação em Ciências estar enlutada.
Também as emoções das duas aulas de ontem estão muito presentes em mim. Mostrei, nas duas falas, muito calcado em meu livro A Ciência é masculina? É, sim senhora!, quanto também na área jurídica o machismo esta presente. Mesmo uma abordagem nova para mim, parece fácil evidencias que a Justiça é masculina. Aproximei-me do tema que o Enrique del Pércio trabalha com eles: carácter fálico-masculino do direito.
A aula da manhã foi para 30 brasileiros que fazem doutorado em Direito na Universidad Nacional de Lomas de Zamora. Mesmo que houvesse preparado uma apresentação em espanhol, terminei falando em português.


À tarde a aula na respeitadíssima Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires na qual estava pela primeira vez. Como na aula da manhã, mais trinta advogados doutorandos em Direito angolanos, argentinos, bolivianos, brasileiros, colombianos, chilenos. Muito deles juízes, alguns deputados e políticos em geral. Desenvolvi o mesmo assunto da manhã. 
Vale um registro muito singular. Tive dificuldade em localizar o Enrique, na imensa faculdade de direito da UBA, que tem cerca de 54 mil alunos na graduação e cerca de dois mil no doutorado. Ajudou-me, de maneira muito solícita, uma das alunas — Ana Lya Uriarte — que a foi primeira Ministra do Meio Ambiente do Chile, cargo criado em 2010 pela presidenta Michelle Bachelet. Após a aula, foi muito bom contar à Ana Lya, minha experiência do Chile, especialmente acerca do que mais impacto ali: Museo de la Memoria y de los Derechos Humanos. Ana Lya contou-me o que representou para ela a primeira visita a este centro de documentação de acerca de uma das mais dolorosas ditaduras da América Latina. Agora, quando leio na web acerca do significado político que teve Ana Lya como Ministra, fico orgulhoso do privilégio que tive nesta terça-feira na Universidade de Buenos Aires.


Já que trouxe rescaldo de terça-feira trago uma foto do jantar em El Bagual, que o Enrique e sua esposa Cecília nos ofereceram à noite, quando encerrávamos nossos 10 dias de viagem. A foto é de Paz, filha de Enrique, que participou da agradável confraternização.
Para encerrar um impasse desta quarta-feira sonolenta pelo retorno na madrugada: im impasse acerca de qual dentre a dezena de livros comprao na viagem seria o primeiro a ser degustado. Acredito que tenha acertado na opção [Los secretos del imperio Karadima: la investigatión definitiva sobre el escándalo que remecio a la iglesia chilena] pois é algo espantoso. Espero breve pintar com uma resenha.
Votos de uma boa quinta-feira e que tenhamos uma esperada chuva, para amenizar a seca. Lemo-nos uma vez mais amanhã.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

25.- MORREU ROQUE MORAES



Ano 6 ***    Buenos Aires/Porto Alegre     *** Edição 2002
Quando estava começando o último dia desta viagem recebemos uma noticia que mesmo esperada, foi crucial. O Maurivan escreveu: Prezados(as) Colega: Com pesar, comunico o falecimento do colega e amigo Roque Moraes. Há mais de meio ano esperávamos esta notícia, mas ela chegou como uma pungente novidade.
Meu dia, mesmo com a emoção de dar aula em duas universidades em cursos de doutorado transtornou-se. Tudo se fez diferente.
Fui colega do Roque quando de nossa em graduação em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1967). Lembro de sua audácia de  então quando foi fazer mestrado em Education And Communication - The Ohio State University (1975) e doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1991). Depois fez Pós-Doutorado Universidade de Sevilla. No ano passado como professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul foi professor visitante da Fundação Universidade do Rio Grande.
 Sua experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Inicial e Continuada de Professores, atuando principalmente nos seguintes temas: educar pela pesquisa, ensino de ciências, ensino de Química, formação de professores, ensino fundamental e ensino superior.
Todos nós que nos envolvemos na Educação Química nesta terça feira ficamos um pouco órfãos. O Otávio Maldaner escreveu uma admirável síntese: dá uma enorme nostalgia sabermos que não temos mais a presença, sóbria, firme e permanente do Roque em nossas conversas e debates. Com certeza, um idealista por uma Educação de melhor qualidade em nosso País. É no professor que ele confiava mais e que este seria capaz de fazer isso! Resta-nos continuar a luta. Quero solidarizar-me com a família dele e tantos profissionais que ele ajudou a formar.
Somente desta terça-feira tenho dizer que as aulas que ministrei emocionado a convite de meu amigo Enrique del Percio, em dois cursos de doutorado com cerca de 30 alunos em cada um das turmos de diversos países: uma em la Universidad Nacional de Lomas de Zamora e outra em la Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires foram um ofertório ao trabalho do Roque.
Agora me despeço de Buenos Aires. Amanhã, já escrevo uma vez mais de Porto Alegre. Até então!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

24.- UMA ODE A ATENA



Ano 6 ***       Buenos Aires     *** Edição 2001
Se quando relatei acerca de nossa sexta-feira mendocina, referi que nas sucessivas idas a vinícolas para degustações fizéramos uma ode a Baco, nesta segunda-feira portenha fizemos um culto a Atena, a deusa sabedoria dos gregos.
A degustação ontem foi de livros. Estivemos em duas excepcionais livrarias, mesmo que houvesse várias outras que espiamos. Em ambas já estivéramos em outras estadas aqui.
A Paidos fruímos por quase três horas. Muito boa música, poltronas estofadas e centenas de títulos a nos seduzir. Cada um degustou mais de uma dezena de diferentes títulos de várias áreas. Algo muito saboroso. Compramos alguns.
A outra degustação foi na El Ateneo, Grand Splendid, que é um ícone de Buenos Aires. Quando estive a última vez nela em novembro de 2010, recém fora distinguida como a segunda livraria mais bonita do mundo de acordo do artigo do jornal britânico The Guardian. Precede à Livraria El Ateneo, a Boekhandel Selexyz em Maestricht na Holanda, localizada em uma antiga igreja (inaugurada em dezembro de 2009), no terceiro lugar esta a Livraria Lello de Portugal. No quarto lugar a livraria “Secret Headquarters Comic” em Los Angeles nos Estados Unidos; Borders de Glasgow na Escócia no 5ª lugar; Scarthin’s em Peak District em sexto lugar; Posada Bruselas em sétimo; El lugar de la Mancha em México, oitava; Keibunsya em Kyoto, nono lugar; e Hatchards em Londres em décimo lugar. Não conheço nenhuma das outras nove.
El Ateneo Grand Splendid, que já foi teatro, cinema e hoje abriga uma das maiores livrarias da América Latina. O Grand Splendid foi construído em 1919 pelo austríaco Max Glücksmann, que queria fazer ali uma catedral das artes cênicas. A partir de 1924, concursos de tango começaram a acontecer ali e, em 1926, o Grand Splendid passou a funcionar como cinema, sendo um dos primeiros a exibir filmes sonorizados.
Devido à concorrência com as grandes redes de cinema, porém, o teatro foi fechado e adquirido, em 2000, pela cadeia de livrarias Yenni. O acordo foi criticado por alguns, que defendiam a manutenção do cinema como tal, e elogiado por outros, que viam na livraria a possibilidade de preservação do edifício.
A adaptação do espaço se manteve fiel à estrutura do teatro. Só que fileiras de estantes substituem as de poltronas. No subsolo, há seção de literatura infantil e, nos pisos superiores, uma galeria de arte e uma seção de música clássica. A loja tem cerca de 100 mil títulos de livros e 10 mil de CDs. No antigo palco, hoje um café, pode-se folhear livros e ouvir música. Compramos mais alguns, ou seja, estamos levando da Argentina bem mais livros que vinhos. Nem só de Malbeq se alimenta o espírito.
Nesta terça-feira, para matar saudades, a convite de meu amigo Enrique del Percio, ministro duas aulas, em dois cursos de doutorado: uma no final da manhã em la Universidad Nacional de Lomas de Zamora e outra no fim da tarde emla Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires.
Amanhã conto acerca do último dia portenho. A melhor terça-feira para cada uma e cada um.