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quarta-feira, 30 de abril de 2014

30. — UM GAÚCHO QUE SE FAZ PARMEGIANO


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Esta edição entra em circulação com um pequeno atraso. A quarta-feira já avançava e eu ainda estava vindo do aeroporto. O carinhoso esforço de minha querida colega Maria Eunice Marcondes, que percorreu intrincados labirintos para me fazer chegar com mais presteza a Congonhas, depois da fala na USP, foi baldado. Mesmo chegando a tempo não pude antecipar meu voo, pois o pretendido já estava e com lista de espera.
 A ir e voltar a São Paulo no mesmo dia teve compensações acadêmicas muito significativas. A fala no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências teve um auditório repleto, talvez umas 60 pessoas que participaram com atenção, aplaudiram com entusiasmo manifestaram seu contentamento com pedidos de autógrafos e fotografias e com mensagens que encontrei ao chegar. Ver no auditório alguns luminares da Educação nas Ciências no Brasil deixou-me nervoso, mas muito gratificado. Sou grato especialmente ao Prof. Dr. Cristiano Mattos pelo convite e pelas gentilezas dispensadas.
A preparação do blogue foi facilitada por mensagem que recebi e transcrevo. Fazê-lo aqui traduz a satisfação que original mensagem me trouxe. Parece que prevejo um colaborador em futuras edições.
Estimado Mestre,
em dias passados ensaiei dois comentários no seu blogue. Não tiveram nenhuma ressonância, pois nem o senhor ou qualquer leitor os referiu. Acompanho seus propósitos de fazer alfabetização cientifica neste blogue há muito: desde que senhor opinava algo a qualquer comentário postado.
Em um de meus comentários falei acerca de afirmação muito significativa, contida dentro de um parêntesis quando o senhor assuntou chimarrão no versejar do Jair Limerique e diz não esposar este gauchismo exacerbado de alguns se julgando que são 'raça superior'. Minha outra intervenção foi quando o senhor anunciou o livro da Luciana e destacou o tênue limite entre o sagrado e o profano, mostrando a cachaça e o vinho, quimicamente similares e, liturgicamente, tão díspares. Uma demonizada e outro feito sangue divino.
Afinal, comecei uma arenga que já se espraia pelos campos ondulados das coxilhas onde a vista se perde e não falei quem sou e de onde escrevo.
Nos dois comentários mais recentes assinei como Heráclito de Parma. Fantasiei-me de cidadão da simpática cidade italiana, que nós conhecemos mais pela indústria de leite e derivados que fez má história por aqui.
Prefiro lembrar esta linda cidade medieval, provavelmente fundada pelos etruscos, com um adjetivo muito saboroso que nos deu: parmegiano. Só agora quando lhe escrevo, dou-me conta que teria muito mais glamour se assinasse Heráclito Parmegiano. Há propósito, permito-me juntar uma imagem de Parma, que guardo viva na lembrança desde 2002, quando lá estive.
Na verdade sou de Icujá Seco. Icujá é um riachuelo de uns 20 km, afluente do rio Jacuí. Sempre me pareceu muito simpático, leia-se sonoro, este diminutivo de riacho, talvez por evocações históricas de certa batalha. Moro as margens do Icujá, que vez ou outra se torna quase seco, permitindo atravessá-lo sem molhar muito acima das canelas.
Sou professor aposentado municipal. Fui/sou mestre-escola com anos de atuação em classes multisseriada. Trouxe a alternativa "sou" porque com muita frequência volto à escola ou para substituir um colega que precisa faltar ou para participar de algumas práticas agrícolas. Há dias falava com o diretor acerca da possibilidade de convidá-lo para algumas palestras aqui. O diretor disse que achava que o senhor não viria a esses cafundós. Então, lhe contei de suas idas recentes a Palmitinho, Caiçara... Uma maratona modelo aquela que o prof. Vanderlei fez com senhor na Escola Sepé Tiaraju seria a glória para Icujá Seco. Imagino, à noite, o senhor fazendo a palestra A Ciência é masculina? É, sim senhora!  no salão paroquial e o padre Aparício o fuzilando com os olhos de bolitas saltadas. Se a internet aqui não fosse tão ruim poderíamos organizar uma visita do senhor à escola por Skype.
Mas além de ser um professor intermitente hoje sou agricultor enraizado em posturas ecológicas, ou agricultura orgânica, como insistem em referir alguns néscios. Aquelas suas blogadas em dezembro acerca de localívoros foram fundantes de algumas posturas aqui. Qualquer dia vou contar de meus cultivares.
Polímata e atencioso mestre, obrigado pelas aulas de cada dia neste blogue e agradecido por abrir espaços para charlarmos aqui.
A admiração do Heráclito Parmegiano

terça-feira, 29 de abril de 2014

29. — HOMENAGEM ATRASADA EXPANDE A COMEMORAÇÃO

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Um terça-feira de uma ida ligeira à São Paulo. Parto no final da manhã de Porto Alegre, falo em um seminário no final da tarde e ao terminar o dia devo estar já retornado.
Antes de comentar algo desta viagem, uma referência à comemoração, pretensamente atrasada. Defendo a tese que comemorar atrasado oferece vantagens: espraia a comemoração.
Assim, ontem poderia ter prestado aqui uma homenagem a Liba Juta Knijnik, pelo transcurso do ‘dia da sogra’. Esqueci. Não busco justificativas. Faço hoje, e assim expando a celebração.
Pois, então aqui e agora, adiro à comemoração de uma data que, como já disse em outro 28 de abril, entre nós, merece ser reeducada. Talvez, nas redes familiares da civilização ocidental, não exista figura mais marcada por preconceitos, que aquela que merece loas pelo Dia da Sogra. Não conheço os tributos que se faz na tradição oriental àquela que é mãe do cônjuge. Entre nós a sogra — e não o sogro — são alvos, de maneira usual, de chiste que beiram a maledicência.
Nos pejorativos ditos populares, há uma frase que vi em para-choque de caminhão, que remete a gênese da tradição judaico-cristã que poderia ser tida como síntese dos preconceitos: “Feliz foi Adão que não teve sogra”. Talvez, em outra leitura mítica, se pudesse dizer que infeliz foi a humanidade; pois se Eva tivesse uma mãe para orienta-la é provável que não comeria a maçã. Então, hoje ainda viveríamos no paraíso.
Não vou fazer análises do porquê dos preconceitos. Pode-se dizer apenas que sogras são muito mais amadas que se imagina. Parece, também, que entre os homens, se comparado com as mulheres, o afeto pela mãe da esposa é muito maior.
Pessoalmente tenho o privilégio de ter uma sogra fabulosa. A Liba, em seus quase 93 anos de intensa vitalidade, surpreende-me há 27 anos pelas lições de vida que oferece a cada uma e cada um. Ela é mãe, sogra, avó e bisavó exemplar. É para esta leitora diária que tenho aqui a minha pública homenagem neste segundo dia de celebração. Eu tenho encantos por minha sogra. Na foto ela com o Antônio um de seus bisnetos com sete anos; juntos fazem quase um século.
Minha fala desta tarde é no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, que foi criado em 1973 na modalidade Física e complementado com as modalidades Química, no ano de 1998, e Biologia, no ano de 2005. É um programa interdisciplinar, sob responsabilidade da Faculdade de Educação, do Instituto de Física, do Instituto de Química e do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Neste contexto pretendo apresentar no seminário para o qual fui distinguido com um convite o tema DAS DISCIPLINAS À INDISCIPLINA pretende trazer espaços de discussão envolvendo Educação nas Ciências para qual se propõe três movimentos: #1 – Uma protofonia: contemplando a Escola hoje: ela mudou ou foi mudada? #2 – Um adágio: Das certezas à incerteza: outra exigência para fazer Educação #3 – Um alegro vivo: e...a Sala de aula hoje... Como? Indisciplinar.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

28. — CHIMARRÃO & UMA SUPER-SEGUNDA-FEIRA


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Uma segunda-feira com agenda de um mestre-escola saborosamente densa. Cheguei a pautar tal assunto para este blogar. Mas, sou alertado pelo poeta Jair Lopes, em postagem neste blogue, que na última quinta-feira foi o dia do chimarrão. Isto posto, como cultor do amargo (não do gauchismo exibicionista!), depois de breve sintetizar em três momentos, meu professorar de hoje, ofereço o soneto de um paranaense aquerenciado em Floripa, acerca do gostoso hábito de chimarrear.
#1) Pela manhã e noite tenho aulas de Teorias do Desenvolvimento Humano com os alunos da licenciatura em Música. Como dia 21 foi feriado e no dia 14 assistimos o filme “A Guerra do Fogo” a última aula foi dia 7, o que realmente me faz muito desejoso de encontrar os dois grupos que neste semestre empolgam minhas segundas-feiras.
#2) No turno vespertino tenho um encontro com o Bruno André, que neste semestre cursa a disciplina de Conhecimento, Linguagem e Ação comunicativo em regime de tutoria. Também, pelo feriado de Tiradentes o último encontro já se faz distante.
#3) Um grande presente me enseja nesta tarde meu colega Prof. Dr. Norberto da Cunha Garin. Convidou-me para hoje e nas duas próximas segundas feiras ministrar aulas na Universidade do Adulto Maior. Nos anos 2010 a 2012 fui responsável na UAM pelo seminário História e Antropologia do Envelhecimento, assim é muito gratificante este voltar. A UAM acolhe mulheres e homens jubilados em seus fazeres profissionais que voltam ao (ou iniciam o) convívio acadêmico.
Agora, mesmo que tardiamente a homenagem por uma data que desconhecia, sorvendo um chimarrão sabendo a recém-preparado pelo poeta Jair Lopes, que muito já trouxe seus versos aqui.



24 de abril, dia do chimarrão

Gaudério mate não rejeita no ato
Se lhe deixam uma cuia na mão
Pois seja chimango ou maragato
Irmanados no bom mate estarão.

Mate não apenas gaúcho pilchado
Absorve independente da estação
Rio-grandense de quatro costados,
Chimarreia no inverno e no verão.

Bomba, cuia, erva e água quente
No centro da cidade ou no rincão
Chimarrão sempre está presente.

Que o mate faz parte da tradição,
Portanto quem mateia não mente, 

Gosta de mate bem amargo então.

domingo, 27 de abril de 2014

27. — CINCO ANIVERSÁRIOS APRILINOS


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O outonal abril se esvai. Saboroso pelo seu feriadão. Ruinoso, talvez deva ser menos severo: acre, pelas continuadas lembranças que temos que fazer a declaração de imposto de renda, ensejando que amaldiçoemos o leão (sempre voraz, querendo mais além do que já pagamos) e a nós (por, uma vez mais não termos cumprido a promessa de cada anos: entregar cedo a declaração).
Mas este é um assunto que não comporta no último domingo aprilino. Há algo mais saboroso a celebrar.
Em minha constelação familiar, abril é singular. Três dos dez netos fazem aniversário neste mês. Há um tempo eram três em quatro. Na geração precedente há uma filha e ainda outra comemoração muito especial.
O trio de netos se distribui assim: dia 8, foi o 9º aniversário do Guilherme, filho da Ana Lúcia e do Eduardo, que celebrei aqui no dia 13.
Dia 19, Antônio, filho da Laura e do Gabriel, fez sete anos.
Hoje, a Maria Clara — filha da Clarissa (que esteve de aniversário ontem e juntas na foto) e do Carlos faz oito anos.
A estes quatro natalícios outonais se junta uma celebração muito especial: ontem a Gelsa e eu recordamos o 25 de abril que há 27 anos foi o ponto de partida para uma história que viemos tecendo com uma bonita pareceria amorosa: 25 de abril de 1987.
Nada mais importante que registrar estes cinco aniversários em uma festiva blogada dominical. 

sábado, 26 de abril de 2014

26. — UM TÊNUE LIMITE ENTRE O SAGRADO E PROFANO


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Na semana santa atendi a atencioso pedido da Luciana Dornelles Venquiaruto, que foi minha orientanda de mestrado, para prefaciar o livro Saberes populares fazendo saberes escolares: um estudo envolvendo o pão, o vinho e a cachaça que ela produziu em coautoria com Rogério Marcos Dallago e José Claudio Del Pino originado de sua tese de doutorado.
Parece-me sempre muito prazeroso este ritual de dar a lume. Permitam-me, por ser démodé, traduzir essa bonita ação. “Dar a lume” é tornar notório, público; declarar, manifestar, apresentar. Não me parece sem propósito que escolhi algo que evoca fogões a lenha que marcavam a vida em tempos não tão distantes, nos quais os saberes primevos que os autores evocam no livro eram sabores construídos e compartidos.
Lume é o fogo que se faz útil, por exemplo, para fazer o pão, tão presente na obra anunciada. Nele há produções para o consumo humano que se transubstanciam em mentefatos culturais. É para esses que se convida o leitor para saborear. Sim, saborear saberes.
Agora, pretensiosamente, quero oferecer aos meus leitores na blogada deste último sábado aprilino acepipes do prefácio que produzi. Tratando-se de um livro de saberes e de sabores cabe oferecer acepipes. Esses estão dicionarizados como tipos delicados de alimento, em pequenas porções, servidas como aperitivo. Ou como diz um dicionário de português não brasileiro: simplesmente como guloseima ou pitéu. Assim, aqui e agora, alguns pitéus do prelúdio que compus.
Assim, acedo ao convite de meus amigos para prefaciar a obra que acalentaram e cabe-me preludiar a epifania ou celebrar o aparecimento ou, ainda com mais adequação, ensejar a manifestação reveladora de um novo livro. Esse ritual quase iniciático se faz em regozijos. Talvez porque esse cerimonial tenha marcas quase litúrgicas da epifania cristã de desvelar o escondido. Não sem razão que somos lembrados pelos autores que “... a cozinha é considerada, praticamente, ‘um santuário’. Ali ninguém faz nada, ninguém mexe em nada sem a autorização da matriarca”.
Há, já no título da obra, uma aparente contaminação do sagrado — o pão e o vinho — apresentados junto com a mundana cachaça. Talvez retifique minha afirmação: há uma dessacralização que se faz ainda mais forte, quando componho este prelúdio numa semana que se diz(ia) santa. Passaram os dias de enlutamento religioso, já se canta aleluias. Isto se faz, aqui, pela alegria da parição deste livro.
E, então vemos surpresas: a danada da cachaça, que o sambista roga para que não lhe falte, tem, como o pão e o vinho, histórias que remontam há mais de cinco mil anos. Mesmo que os autores nos levem mais diretamente às terras onde se faz pão, vinho e cachaça na Região Norte do Estado do Rio Grande do Sul — região em que se desenvolveu a pesquisa narrada aqui — e aí percorramos roteiros turísticos, como, por exemplo, o “Caminho dos Parreirais”, em Erechim ou a “Rota da Agricultura Familiar”, em Marcelino Ramos, há para cada um dos três produtos estudados viagens a berços de nossa civilização ocidental.
É dentro desta dimensão que este Saberes populares fazendo saberes escolares: um estudo envolvendo o pão, o vinho e a cachaça pode servir de catalisador, usando as saborosas realidades que estão amealhadas no livro, para alavancar propostas para tecer práticas de pesquisas que envolvam a salutar reestruturação do Ensino Médio. A Luciana, o Rogério e o Del Pino trazem muito bons exemplos. Há agora desafios da prática para que se possa fazer outra alfabetização científica no Ensino Médio.
Estas são utopias quando as folhas dos parreirais, dos trigais e dos canaviais vestem-se de um dourado outonal. Elas podem ser realidades. Tentar é preciso. Para tal, este livro é inspiração.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

25. — A ARTE DE ESCREVER A CIÊNCIA COM ARTE


ANO
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Depois da profícua jornada juiz-forana, de onde retornei ontem com alma prenhe de gratificações pela maneira querida como fui tratado, tenho hoje e amanhã uma agenda no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA.
Na noite de hoje, ocorre a primeira de duas atividades no Seminário de Pesquisa I coordenado pela Profa. Dra. Marlis Morosini Polidori. Minhas ações hoje e no dia 09 de maio serão duas sessões do “A arte de escrever Ciência com arte”
As atividades das duas noites ocorrem sob a forma de oficina de produção que se desenvolve com a realização de um laboratório da escrita que tem como mote: ‘aprende-se a escrever, escrevendo’ mas para o qual há um pressuposto: ‘ler é preciso’. Lastreado nestas duas teses a proposta tem como atividade fulcral: ler e escrever individualmente, mas também, juntos.
Como se trata de uma atividade acadêmica há um horizonte bem definido e audacioso: a busca do escrever Ciência com Arte. Mestrandos e doutorandos, também graduandos, devem escrever trabalhos científicos. Isto é devem escrever (sobre a) Ciência. Usualmente isto se constitui numa tarefa árdua.
Não raro se ouve esta afirmação de um pós-graduando: “Já fiz todos os créditos e também a pesquisa, agora só falta escrever a tese (ou a dissertação)!” Há vontade de dizer: “Falta (quase) tudo!” Falta, talvez, o mais difícil e por isso, de maneira equivocada, relegada para o final. A escritura deveria ser concomitante.
Aquelas e aqueles que orientam a produção de trabalhos científicos, mesmo em cursos de doutorado, não se surpreendem com a necessidade (e pretensiosamente, adito: da utilidade) de atividades orientadas à prática de um dos binômios que faz os humanos distinguidos de outro animais: leituraescrita.
No exercício do binômio leituraescrita há a proposta de fazermos juntos, e também individualmente, alguns exercícios de leitura e escrita.
Exemplifico o primeiro exercício de escrita desta noite: Elaborar um texto, na 1ª pessoa do singular de no mínimo 5 e no máximo 15 linhas, acerca do processo de como busca superar o drama para vencer a síndrome diante da folha em branco (ou de desvirginar a tela vazia).

quinta-feira, 24 de abril de 2014

24. — ACHADOS EM UM DIÁRIO DE UM VIAJOR.


ANO
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JUIZ DE FORA - MG
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 2753

Ainda em Juiz de Fora, que deixo esta manhã para em dois voos: Goianá/Campinas/Porto Alegre meia tarde chegar em casa. Posso parecer repetitivo: é sabido meu gosto por viajar, mas este é sobrepujado pelo desejo de voltar a minha casa e reencontrar quem me espera.
Pautara um assunto para esta quinta-feira, mas ontem se adensaram emoções que pedem registro, que uma vez reparto com meus leitores achados do diário de um viajor.
Pela manhã cumpri os dois momentos previstos na agenda: a) Roda de conversa com estudantes da pós graduação que participam dos grupos de estudos GEDUQ e Contextos; b) Visita ao Centro de Ciências da UFJF.
A roda de conversas com cerca 20 pós-graduandos de distintos cursos com seus orientadores teve dois tempos. No primeiro ‘conversamos’ acerca de dois problemas que assolam (ou para usar expressão da Ivoní: exercem bulling) docentes e discentes da pós-graduação brasileira: a exigência de produtivismo exorbitante, onde o homo lattes vale pela sua produção de artigos em periódicos  de excelência; outro a ingerência indevida dos Comitês de Ética na Pesquisa que precisam ser desobedecidos.
No segundo tempo mestrandos trouxeram seus objetos de pesquisas acercas dos quais me aventurei a palpitar. Como meus textos são referências para alguns, consegui colaborar em alguns.
No segundo momento, com seis professores da pós-graduação fui ao Colégio de Aplicação João XXIII da UFJF, para ali visitar o Centro de Ciência, onde fui recebido pelo diretor Prof. Eloi Teixeira César e sua equipe.
O Centro de Ciência um órgão de caráter multidisciplinar da universidade que desenvolve e apoia atividades relacionadas à Educação Científica em todos os níveis de ensino, contribui para a formação inicial de Professores para a Educação Básica e investiga questões relacionadas à inovação dessa modalidade de ensino. Quark é o nome do simpático mascote do Centro de Ciências da UFJF. O animal que o encarna, é em homenagem ao Quati, esperto mamífero, que passeia pelas instalações do Centro.
Conheci várias exposições temporárias e permanentes. Destas merece destaque uma tabela periódica gigante, com mais de 3 metros de comprimento e dois metros de altura, totalmente interativa. Nela, os visitantes podem encontrar 83 amostras de elementos químicos, além de 33 espécies minerais, nas quais se destacam vários elementos e diversas aplicações dos elementos químicos no cotidiano.
No Centro de Ciência encontrei jovem doutor em Astronomia pela UFRGS: Tibério Borges Vale, da Universidade Federal Fluminense que acompanhava um pequeno grupo de alunos de graduação em Física (licenciatura) e professores de educação básica da rede pública no município de Santo Antônio de Pádua/RJ, onde fica o campus da UFF no qual trabalha. Na noite de ontem recebi mensagem da qual trago excerto: Apesar de não ter conseguido anotar seu email naquele momento, eu o memorizei para cumprimentá-lo posteriormente. Gostaria apenas de lhe parabenizar por seu trabalho e reforçar minha admiração por seu trabalho em divulgação e alfabetização científicas. Sempre que posso eu acompanho seu blogue. Confesso que fiquei um pouco emocionado e surpreso de poder finalmente lhe conhecer hoje, de forma tão inesperada. Na minha época no Rio Grande do Sul, na UFRGS, já lhe conhecia de nome e tinha lido alguns textos seus. Mas tive melhor oportunidade de ver a extensão do seu trabalho e de ler um pouco mais, depois que passei no concurso da UFF, quando elaborei meu projeto de extensão em Astronomia.
Encerrada visita fui almoçar comida mineira, servida desde um fogão a lenha, com os professores Guilherme, Reginaldo, Cristhiane, Ivoní e Rita.
À tarde, por quase três horas envolvemo-nos em fecunda discussão acadêmica na defesa da 330ª dissertação do Programa de Pós Graduação em Educação da UFJF de Patrícia Maria de Azevedo Xavier que teve excelente desempenho. Aos detalhes trazidos ontem, adito a presença na Banca do meu estimado amigo Paulo César Pinheiro, por Skype desde São João del Rey e da professora dra. Luciana Pacheco Marques, que tive o privilégio de conhecer então.
Esta atividade encerou minha estada na UFJF. Na verdade hoje pela manhã ainda terei a cortesia da Cristhiane que me levará a Goianá para iniciar a volta. Cabe ainda um registro que aqui tive um Professor Doutor como livreiro. O Reginaldo garantiu que pudesse autografar muitos exemplares de meus livros.
Se o encontro com o Tibério pela manhã de ontem foi promovido pelo acaso, à noite, conheci e por mais de duas horas privei da sábia companhia do Prof. Dr. Arsênio Firmino de Novaes Netto, num encontro frutuoso de mais de duas horas catalisado pelo José Luis, meu colega no Centro Universitário Metodista do IPA. Foi um papo sólido de dois quase coetâneos. Dr. em Educação o pai do José Luís foi reitor do Instituto Granbery e pesquisador da UNIMEP em Piracicaba. É um privilégio conversar com sábios. Foi muito bom ter estado na Atenas Mineira.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

23. — MAIS UMA VEZ NA ATENAS BRASILEIRA


ANO
 8
JUIZ DE FORA - MG
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 2752

Esta é a terceira vez que estou em Juiz de Fora. Na viagem, a estada de quase três horas em Viracopos/ Campinas teve com marca ausência de sinal para internet e telefone celular só para emergência. Momentos para experenciar o difícil sermos desasados.
Mais uma vez frui no voo destinado à Zona da Mata (é assim que o destino é anunciado) a troca de experiências com pessoas de outra grei. Conversei com duas irmãs gêmeas que voltavam de um concurso em Brasília na área jurídica. Analisar a prova que se submeteram no dia anterior foi significativo.
No aeroporto em Goianá era esperado pela Cristhiane. O papo de 40 km até Juiz de Fora foi precioso. No hotel novos problemas com internet e telefone.
 Ontem a atividade central foi a fala que fiz à noite para cerca de 70 professores e alunos. Recebi distintas  manifestações de apreciação à mesma. A Cristhiane, à apresentação, destacou o quanto o livro A ciência através dos tempos foi significativo em sua história profissional. Leu, à guisa de abertura, trecho do Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto.
Da agenda de hoje destaco a defesa de dissertação da Patrícia Maria de Azevedo Xavier, uma bacharel e licenciada em Química que estudou os saberes populares da produção artesanal de doces por pequenos produtores de Juiz de Fora – MG: Um olhar a partir da abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. Patrícia é a primeira orientanda que Professora Dra. Cristhiane Cunha Flôr leva à defesa, o que confere diferenciadas emoções para o evento.
A leitura do trabalho foi muito fruída pois envolve uma área que há muitos anos recebe meus estudos e neste trabalho a gratificação foi espraiada quando vi não apenas vários das propostas que defendo merecerem destaque, mas ver a presença estudos de pelo menos quatro de meus orientandos: Inês Reichelt, André Siqueira, Antonio Valmor de Campos e Luciana Venquiaruto.
 Patrícia trouxe o alerta de Eric Hobsbawm (1917-2012) “A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal a das gerações passadas — é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio”*.
Ela destaca em seguida minha sugestão quando sugiro que é no apossamento das recomendações de Hobsbawm, que nós, educadoras e educadores, temos também o ofício cometido aos historiadores: lembrar o que os outros esqueceram. É neste espírito que a dissertação que examinaremos esta tarde revisita nossas raízes passadas para encontrar perspectivas para o futuro.
* HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 13

terça-feira, 22 de abril de 2014

22. — POR CÉUS NUNCA DANTES NAVEGADOS


ANO
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EDIÇÃO
 2751

No último dia 13, perguntei aqui: “Você já foi à Goianá?” Contava, então, do equívoco que laborei, pensando que houvera engano na passagem que havia sido me remetida. Lera como destino: Goiânia. Estava certa a correspondência: era Goianá.
Pois, eu esta manhã deixo Porto Alegre rumo a Campinas e de lá vou à Goianá. Meu destino final não é o pequeno município de Minas Gerais, com população de cerca de 3,6 mil habitantes no qual está localizado parte do Aeroporto Regional da Zona da Mata, o aeroporto Presidente Itamar Franco.
Vou a Juiz de Fora com cerca de 550 mil habitantes, alcunhada de a “Manchester mineira”, pois houve época em que seu pioneirismo na industrialização a fez o município mais importante do estado — sendo que suas origens remontam a época do Ciclo do Ouro, portanto confundem-se com a história de Minas Gerais. A cidade é também conhecida como a “Atenas de Minas” pelo valor que atribui às artes e como me informa o meu colega o juiz-forano José Luis Novaes: “O berço da Liberdade”.
A Wikipédia me faz conhecer que a provável etimologia do nome do município, emancipado de Barbacena por volta de 1850, seja uma referência a um juiz de fora, magistrado nomeado pela Coroa Portuguesa para atuar onde não havia juiz de direito, que se hospedou por pouco tempo em uma fazenda da região, passando esta a ser conhecida como a Sesmaria do Juiz de Fora.
Juiz de Fora, na segunda metade do século 19, foi um importante entreposto comercial para a mercadoria escrava, tanto pelo estado desenvolvido de suas lavouras cafeeiras quanto por sua posição geográfica privilegiada na Zona da Mata. Mesmo muito tempo depois do fim do tráfico internacional de escravos o comércio de escravos de Juiz de Fora tinha forte vinculação com o Rio de Janeiro.
Em 1858, a cidade recebeu a primeira leva de imigrantes europeus: 1162 colonos alemães foram contratados para trabalhar como arquitetos, engenheiros, artífices, agricultores e outros. A cidade continuou recebendo imigrantes nos anos seguintes, aumentando consideravelmente a população livre.
A economia de Juiz de Fora se modificou radicalmente no final do século 20 com a construção na cidade da primeira unidade da Mercedes-Benz fora da Alemanha. Vista da cidade: seu contorno é predominantemente montanhoso.
Nesta cidade, serei acolhido na tarde de hoje, por uma não juiz-forana, a Professora Cristhiane Cunha Flôr, de cuja banca de doutorado participei, em dezembro de 2009, na UFSC, hoje, ela é professora da Universidade Federal de Juiz de Fora.  Na UFJF devo cumprir esta agenda:
22/04 - terça feira
19h: Palestra: Das disciplinas à indisciplina. Para professores na Universidade, Professores na Escola Básica, estudantes de graduação e pós graduação.
23/04 - quarta feira
08h: Roda de conversa com estudantes da pós graduação que participam dos grupos de estudos GEDUQ e Contextos.
10h: Visita ao Centro de Ciências da UFJF.
14h: Banca de Defesa de Dissertação da Patrícia Maria de Azevedo Xavier.
Tenho retorno previsto na manhã de quinta-feira.