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terça-feira, 29 de setembro de 2015

29.- NÃO É SÓ TAMANHO QUE FAZ DIFERENÇA


ANO
 10
A G E N D A  em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3087

Setembro quase termina. Neste dia de São Miguel temos, uma vez mais ‘as enchentes de São Miguel’, que lembro desde minha infância. Domingo foi o 12º dia consecutivo de chuvas aqui. Ontem foi um dia de sol esplendoroso, que se seguiu a uma madrugada de um plenilúnio quase inenarrável.
Mas o assunto desta blogada não são narrativas climatológicas. O assunto é mais complexo e muito importante. Até porque tamanho faz diferença.
Ontem, à noite, ocorreu a 5ª das oito sessões do Fronteiras do Pensamento 2015. Fomos brindados com uma noite de segunda-feira excepcional. Dentre os nove conferencistas (três mulheres e seis homens) deste ano a fala foi do único conferencista brasileiro: a neurocientista Suzana Herculano-Houzel (Rio de Janeiro 1972). Não foi sem razão que o apresentador e quem conduziu o diálogo com a conferencista foi o neurocientista e Reitor da UFRGS Carlos Alexandre Neto.
Suzana Herculano-Houzel, Foto: James Duncan Davidson / TED
Suzana é bióloga formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro é autora de vários livros de divulgação científica sobre neurociência [O Cérebro Nosso de Cada Dia (Vieira & Lent, 2002); Sexo, Drogas, Rock and Roll... & Chocolate (Vieira & Lent, 2003); O Cérebro em Transformação (Objetiva, 2005); Por que o Bocejo É Contagioso? (Jorge Zahar Editor, 2007); Fique de Bem com seu Cérebro (Sextante, 2007) e Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor (Sextante, 2009)]. Possui pós-doutorado pelo Instituto Max-Planck de Pesquisa do Cérebro na Alemanha, doutorado pela Universidade de Paris VI na França e mestrado na Universidade Case Western Reserve nos Estados Unidos. Em seu trabalho, analisa como os conhecimentos gerados pela neurociência a respeito dos seres humanos podem ser aplicados na vida diária. Foi a primeira brasileira a falar na conferência internacional TED Global.
Sua pesquisa sobre o número de neurônios que o cérebro humano possui ganhou destaque internacional. A abordagem envolveu a dissolução de quatro cérebros doados à ciência em uma mistura homogênea, chamada de “sopa cerebral". A partir de uma amostra da mistura, contou e classificou a quantidade de núcleos celulares pertencentes aos neurônios. Sua conclusão foi de que o cérebro humano possui 86 bilhões de neurônios, ou seja, 14 bilhões a menos do que se acreditava anteriormente.
Mais detalhes em http://www.fronteiras.com/portoalegre/conferencia/ suzana-herculano-houzel
Suzana Herculano-Houzel é, desde 2002, professora na UFRJ, onde dirige o Laboratório de Neuroanatomia Comparada do Instituto de Ciências Biomédicas, no qual lidera uma equipe com colaboradores em vários países e pesquisa as regras de construção do sistema nervoso central em humanos e outras espécies. Também é colunista do jornal Folha de S.Paulo e da revista Scientific American Mente & Cérebro. Em 2000, lançou o site O cérebro nosso de cada dia. É scholar da Fundação James McDonnell, onde foi a primeira brasileira a receber o Scholar Award para financiar sua pesquisa. Pesquisadora do CNPq, em 2004 recebeu da instituição a Menção Honrosa do Prêmio José Reis de Divulgação Científica.
A pesquisadora brasileira sugere que foi a invenção do cozimento pelos nossos antepassados que permitiu aos seres humanos desenvolverem o maior cérebro dos primatas, pois o alimento cozido produz mais energia metabólica. Atualmente, suas pesquisas estão concentradas em cérebros de elefantes e baleias.
A palestrante da noite de ontem, que discorreu sobre as diferenças entre o cérebro humano e o de outras espécies, considerando o tamanho, o número de neurônios e as capacidades cognitivas, concedeu extensa entrevista a Larissa Rosso que está publicada no caderno PrOA da Zero Hora deste domingo. Trago apenas a última pergunta que diz muito a cada uma e cada um de nós: O estresse intenso maltrata o cérebro? Os cérebros de hoje são “piores” do que os de outros tempos?
A tecnologia não é ruim, assim como o estresse não é ruim. Ruim é o mal uso que a gente faz do que tem, das possibilidades, da quantidade de coisas que tem que conseguir resolver todos os dias. Hoje temos como resolver mais de um problema por dia. A gente deveria fazer isso? Acho que não. Você cobra muito mais de si mesmo, acaba exigindo tanto de si que perde a sensação de controle, e é aí que o estresse deixa de ser bom. O estresse pode ser extremamente saudável, positivo e trazer prazer inclusive, mas tem que ser aquele estresse que você se propõe. É a sarna que você arranja para se coçar. A diferença toda é a sensação de controle. Enquanto você domina a situação e a sua vida, todos esses problemas para resolver são ótimos. O ruim é quando você perder a sensação de controle. Aí o estresse passa a ser crônico. Esse é ruim.
A conferencista ao final rendeu homenagens a cozinha e aos livros, destacando o quanto o ler e o escrever são atividades importantes e muito significativas do cérebro.

Um comentário:

  1. Toda vez que leio sobre neurociência penso na concentração, nos nossos alunos, na capacidade do cérebro, enfim...no que o SISTEMA material/consumista faz com "nossos" cérebros!!!

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