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sábado, 31 de outubro de 2015

31— UM QUINTO CENTENÁRIO MUITO SIGNIFICATIVO.


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Sinop entrou para minha história. A auto-denominada “capital do Nortão” entrou para minha história. Foram momentos de três falas muito significativas. Tive o privilégio de conviver com pessoas muito especiais. Mais uma vez, aprendi muito. Sou especialmente grato ao Mauro e a Viviane anfitriões atenciosos. Também reconheço o competente trabalho dos meus queridos livreiros Clenir e Leonan, que ensejaram que não sobrasse nenhum dos exemplares que levara. Sou muito reconhecido ao Eduardo Mueller meu doutorando da Reamec, que veio a Sinop para orientação, que se estendeu até a pista do aeroporto de Cuiabá. Emocionou-me a mensagem de Patirosinke Rosinke, postada na edição anterior: Chassot não passou por Sinop, ele ficará conosco para sempre... em suas palestras além do conhecimento ele nos ensinou a generosidade. Desejo que hoje, exatamente agora, tenhas um bom retorno ao RS... sucesso nas pesquisas do Reamec, obrigada por nos ensinar sobre a INdisciplinaridade... Abraços e abraços.
Desejo trazer, em outro momento, algo das impressionantes pinturas da catedral de Sinop e dos sumarentos momentos com Mari Bueno, a artista que na pintura busca dimensões muito instigantes para fazer conexões com o sagrado. Recebi excelente material para entebder este segmento da arte;
Durante o longo retorno de quase Sinop / Cuiabá / Foz do Iguaçu / Porto Alegre dez horas faço tessituras acerca do último dia de outubro. Salvo no segundo trecho que aprendi muito com a Juliana, uma jovem engenheira agrônoma mato-grossense envolvida na produção de alimentação para animais.
Neste 31 de outubro não vou exorcizar as comemorações colonizadoras do dia das bruxas e muito menos a artificial alternativa do dia de Saci. Este dia tem algo muito especial.
Dentro de exatos dois anos, na terça-feira 31 de outubro de 2017, será o momento máximo das comemorações do quinto centenário de um dos maiores eventos do mundo Ocidental. Foi em 31 de outubro de 1517 que, Martinho Lutero (Eisleben, norte da Alemanha, 1483-1546) através da publicação de suas 95 teses, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma no catolicismo romano.
Há — no período mais fértil do Renascimento — uma meia dúzia de propostas de eventos, que decretaram modificações significativas na Europa, para marcar o fim da Idade Média. Assim, para o seu término são propostos os seguintes eventos (aqui citados em ordem cronológica): 1439: invenção da imprensa // 1453: queda de Constantinopla // 1453: fim da Guerra dos 100 anos // 1492: descoberta da América // 1517: Reforma Luterana // 1534: Reforma Anglicana.
Não há sentido de fazermos um plebiscito entre estes eventos e eleger o fulcral. A escolha daquele que foi mais relevante ou mais revolucionário vai muito de opiniões.
Mesmo que eu não seja historiador, se tivesse eleger um, a minha escolha seria: a Reforma Luterana, desencadeada por Lutero, talvez marcado pelo meu viés dito ‘igrejeiro’, (leia-se querer ler a história marcada de maneira significativa pela presença da religião).
Há extensa literatura para destacar as muitas consequências políticas, sociais, econômicas, culturais e educacionais advindas de diferentes cisões no até então quase monolítico domínio da igreja católica (romana). Destas cisões são relevantes as consequências da Reforma Luterana. Talvez um dos feitos mais significativos foi traduzir toda Bíblia para o alemão, em uma edição de 1534. Antes houve outras traduções parciais (especialmente dos evangelhos) em diferentes idiomas.
A Bíblia de Lutero se torna referência na manutenção da ortodoxia nas igrejas reformada. Ela confere ao alemão o status de língua culta e com isso fortalece o emergente conceito de ‘Estado nação’. Há quem mostre que a língua alemã e mesmo a Alemanha seja gerados pela existência da Bíblia traduzida por Lutero.
Importância mais significativa desta tradução foi que agora a Bíblia estava acessível a todos (que soubessem ler). Aqui, vale destacar uma ação muito significativa: para ajudá-lo na tradução Lutero fez incursões nas cidades próximas e nos mercados para ouvir as pessoas falando. Ele queria garantir que sua tradução fosse a mais próxima possível da linguagem contemporânea. A tradução de toda a Bíblia em outras línguas (nos anos seguintes surgiram edições em francês, espanhol, tcheco, inglês, neerlandês) foi considerada um divisor de águas na história intelectual da Humanidade Ocidental.
Os cultos nas igrejas reformadas passaram a ser no vernáculo (nome dado à língua nativa de um país ou de uma localidade), pois além da Bíblia os hinos foram traduzidos (ou produzidos) na língua local. Ocorre que essa inovação não pode ser fruída pela população, que era em sua maioria analfabeta. Criaram-se, então, escolas junto a cada igreja reformada para se ensinar a leitura, assim o povo poderia ler a Bíblia e ler os hinos nos cultos.
Na educação, o pensamento de Lutero produziu uma reforma global do sistema de ensino alemão, que inaugurou a escola moderna. Seus reflexos se estenderam pelo Ocidente e chegam aos dias de hoje.
Tão importante quanto Lutero para a educação foi Philipp Melanchthon (1497-1560). Durante o período que Lutero passou impedido de se manifestar publicamente, Melanchthon foi o porta-voz da causa reformista e se encarregou de reorganizar as igrejas dos principados que aderiram ao luteranismo. Esse trabalho resultou no projeto de criação de um sistema de escolas públicas, depois copiado em quase toda a Alemanha. A reforma da instrução era uma das principais reivindicações das camadas mais pobres da população, insatisfeitas com as más condições de vida e com o ensino escasso e ineficaz oferecido pela Igreja. Esses foram alguns dos motivos da revolta armada dos camponeses, sangrentamente reprimida em 1525.
Tanto Melanchthon, quanto Lutero viam na educação um assunto do interesse dos governantes. “A maior força de uma cidade é ter muitos cidadãos instruídos”, escreveu Lutero. Para isso, foi criado um sistema que atendia à finalidade de preparar para o trabalho e à possibilidade de prosseguir os estudos para elevação cultural. O currículo era baseado nas ciências humanas, com ênfase na história.
Paradoxalmente, a Reforma Luterana é muito benéfica à igreja romana, pois com a contrarreforma há a refontização, na busca das verdades e das práticas que haviam sido perdidas.
Assim a Escola como conhecemos hoje é produto da Reforma Protestante. A primeira ordem religiosa ensinante da igreja romana (antes as ordens religiosas são pregadoras, esmolantes, orantes, hospitalares, militares...) é a Companhia de Jesus (jesuítas) fundada por Inácio de Loyola em 1531.
Nestes dois anos que nos separam da data do 5º centenário da Reforma, neste espaço quero trazer outras edições acerca do tema. Desejo que cada uma e cada um vivam na raiz deste evento possibilidades de manifestações acerca das religiões.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

25— Desde SINOP


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Nesta quarta-feira esta blogada é postada, pela primeira vez, da cidade de SINOP. Mesmo sendo a quarta cidade do estado do Mato Grosso, com cerca de 130 mil habitantes, é provável que muitos de meus leitores a desconheçam. Também, certamente, ninguém imagina que eu esteja na Turquia, onde há uma cidade homônima.
Quem achou que o nome desta jovem e muito simpática cidade se pareça a uma sigla acertou. Fundada em 1974 — resultado da política de ocupação da Amazônia Legal Brasileira, desenvolvida pelo Governo Federal na década de 1970 —, seu nome deriva-se do acrônimo de Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná, nome da empresa responsável pela colonização do norte de Mato Grosso por agricultores do norte do Paraná. Após quatro anos de sua fundação, em 1979 (há 35 anos) se emancipou de Chapada dos Guimarães. Não constam em minhas ‘memoralia’ que já tivesse estado em uma cidade tão jovem. Eu já vivia a minha maioridade enquanto professor, quando Sinop se fez cidade em 1979.
Sinop é uma cidade planejada, observando critérios urbanísticos modernos, com traçado regular e quadras interligadas por mais de quatrocentos quilômetros de ruas e avenidas. E possui 27,00 m² de área verde por habitante (a ONU recomenda um mínimo de 12,00 m²/habitante).
As áreas residenciais são limitadas por avenidas de até cinquenta metros de largura, com calçadas de até sete metros. As ruas têm vinte metros de largura, com calçadas de cinco metros. Existem praças, reservas naturais e áreas de lazer. As avenidas e ruas levam nomes de árvores e flores, como Acácias, Sibipirunas, Jequitibás, Tarumãs, Palmeiras, Orquídeas, Avencas, Azaleias, Lírios e Violetas.
Foto de Renata Pinese (ww.renatapineze.com)
Estou aqui depois de uma viagem de mais de nove horas, em três voos: Porto Alegre/ Guarulhos / Cuiabá / Sinop, em um dia que radares e ventos na região amazônica não favoreceram os voos. O pouso aqui foi antecedido de uma serie de arremetidas. Para mim que descortinava um horizonte a perder de vista valeu, pois o Diniz, parceiro de viagem presenteado pelo acaso, ilustrou-me acerca da geografia e da agricultura da região. No aeroporto fui atenciosamente acolhido pela Patrícia Rosinke, uma gaúcha de Ijuí que é professora da UFMT.
 Venho a convite do Campus Universitário de Sinop da UFMT, que conta hoje com 11 cursos, envolvendo as áreas de Ciências da Saúde, Ciências Agrárias e Ambientais e Ciências Naturais, Humanas e Sociais. Hoje à noite discuto “A Ciência é masculina? É, sim senhora! ” na II Semana Acadêmica dos diferentes cursos do Campus.
Amanhã à tarde e à noite tenho mais duas falas. Para o almoço de amanhã já tenho convite do Professor Mauro Dresch — que há um ano fez o convite para esta viagem — para irmos a um restaurante flutuante no rio Teles Pires para conhecer um pouco das riquezas natural. Retorno à Porto Alegre na tarde sexta-feira

domingo, 25 de outubro de 2015

25— FERNANDO SAVATER NO FRONTEIRAS DO PENSAMENTO.


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Nesta segunda-feira é a sessão de outubro do Fronteiras do Pensamento. É a sétima das oito sessões deste ano. Nesta semana preparei a atividade. Encantei-me com as perspectivas de Fernando Savater, tido como Filósofo da ética e da educação. Provavelmente, fruirei muito desta sessão, como aconteceu nas sessões anteriores.
Savater, espanhol nascido em 1947, é reconhecido por seu ativismo nas áreas da ética, da religião e da luta contra o terrorismo. Formado em Letras e Filosofia, é autor de mais de 50 obras entre ensaios, narrativas e teatro, além de inúmeros artigos jornalísticos. Considera a filosofia como uma atividade de crítica permanente para expressar a subjetividade e provocar. Destacado por sua especialização em ética defende uma ética do “querer" em contraposição com uma ética do “dever".
É um importante teórico na área da educação. Em Desperta e lê, O valor de educar e Ética para meu filho, seus três livros mais conhecidos, o filósofo se dirige aos protagonistas da educação, compartilhando perplexidades e esperanças. Iniciou a carreira como professor na Universidade Autônoma de Madri, função da qual foi afastado em 1971, pelo regime franquista. Nos anos seguintes, viveu exilado por vontade própria na França. De volta à Espanha, concluiu, em 1975, o mestrado com uma tese sobre Nietzsche e voltou a lecionar na cátedra de Ética na Universidade do País Basco.
Desde 1995, é professor de filosofia na Universidade Complutense de Madri e, atualmente, também é diretor da revista cultural Claves de Razón Pratica. Envolvido em polêmicas culturais, estéticas e políticas na Espanha, foi um dos fundadores do partido liberal Unión Progreso y Democracia em 2007. Em sua mais recente obra, ¡No te prives! Defensa de la ciudadania, questiona os direitos e deveres da cidadania democrática em um contexto de desconfiança política.
Fernando Savater possui influências confessas de Nietzsche, Cioran e Spinoza, e sua linha de pensamento foi categorizada como antiautoritarismo radical. Em 1982, recebeu na Espanha o Prêmio Nacional de Ensaio com La tarea del héroe, no qual defende que a ética seja liberada dos vínculos da moral, estabelecendo-se como um evento aberto com autonomia própria.
Blogada preparada com ajuda de www.fronteiras.com/portoalegre/ conferencia/fernando-savater, onde se pode encontrar mais sobre o pensamento do Filósofo da ética e da educação. Adito votos de um bom domingo a cada uma e cada dos leitores deste blogue.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

22— HISTÓRIAS EM QUADRINHOS PARA ENSINAR QUÌMICA


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Em julho de 2008, fiz uma fala em Curitiba, no 14º Encontro Nacional de Ensino de Química: “Do livro ao blogue: fazendo alfabetização científica”. Destaquei, então, dois blogues, que lideravam ações, usando artefatos culturais, então nada convencionais, para fazer alfabetização científica. Um deles o de Thaiza Montine, uma professora de Goiânia, editora de QUIMILOKOS - De Químico e Louco todo mundo tem um pouco! quimilokos.blogspot.com/ . Mais de sete anos após a Thaiza merece destaque aqui por ações inovadoras no fazer Educação Química.
O blogue de Thaiza continua muito eficiente e com ações reconhecidas. Mas não vou narra-lo, hoje aqui. O propósito desta blogada é celebrar (e também divulgar) que editora do prestigiado blogue defendeu, há não muito, sua dissertação de mestrado, acerca do uso de histórias em quadrinhos (HQ) como recursos significativos para o ensino de conceitos químicos.
Thaiza mostrou estudo que parte da associação das HQ's à inserção em atividades lúdicas em sala de aula. As histórias em quadrinhos, em seus diferentes gêneros, oferecem – segundo o estudo orientado pelo Prof. Dr. Márlon Herbert Soares na Universidade Federal de Goiás – possibilidades diversas de aplicações no universo escolar, em diferentes níveis. O desafio é saber olhar os quadrinhos como um recurso pedagógico.
Sob tal enfoque, foi proposta a dez turmas de terceiro ano do Ensino Médio, a análise de histórias em quadrinhos comerciais e a elaboração de uma HQ inédita, tendo como tema central o conteúdo de radioatividade, assunto muito bem contextualizado em Goiânia. A coleta de dados se estruturou como uma análise documental que teve como textos básicos para a análise as HQ no formato de gibis produzidos pelos alunos, a análise do conteúdo da transcrição das filmagens da sala de aula e os comentários postados em uma página de um grupo criado em rede social para que os alunos fizessem comentários referentes às atividades desenvolvidas.
Thaiza, como a Batgirl, com Batman e Robin na criação de um colega
Pode se inferir, a partir dos resultados, que ao criar as próprias HQ trabalhando a associação entre imagens, palavras e ideias, o aluno se apropria do conhecimento científico de forma dialógica e se sente motivado considerando-se o divertimento e o aspecto lúdico envolvido na atividade.
Observou-se, que ao criar as próprias HQ’s trabalhando a associação entre imagens, palavras e ideias, o aluno se apropriou do conhecimento científico e motivado ao envolver-se no divertimento lúdico presente na atividade.
 Ao se pensar a sala de aula como espaço de aplicação de diversas possibilidades didáticas, o professor se permite, e permite aos seus alunos, uma postura mais motivadora em relação à construção do currículo da escola.
Thaiza mostrou que uso de HQ para discussão conceitual e para a aproximação dos partícipes do processo educacional, quais sejam, alunos, professores e comunidade, mostra-se uma estratégia interessante, eficaz e que deve ser mais utilizada em sala de aula.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

19.— 35º EDEQ uma edição de sucesso.


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Primeiro um proêmio acerca da edição passada. Um leitor muito querido escreveu, a propósito de referência ao inventor da eletricidade: Estou curioso para ler o que você está engendrando sobre Benjamin Franklin. Vale a pena ler o comentário do polímata Luis Otávio Amaral, professor da UFMG que tem expertise em História e Filosofia da Ciência. Antecipo, que vi que o pai da ideia da operação que muito fizemos neste domingo: adiantar relógios para economizar energia elétrica é o aristocrata senhor de olhar severo nas verdinhas de 100 dólares. Ben Franklin, em viagem a Paris, em 1784, percebeu que as pessoas acendiam velas para ficarem acordadas até mais tarde, mas não acordavam assim que o sol nascia. Foi aí que surgiu a ideia do horário de verão, para economizar velas, pois a eletricidade ainda não fora inventada. Temos bons assuntos para catalisar edições futuras.
Permito-me nesta penúltima segunda-feira de outubro trazer um assunto que foi significativo sábado. Quando em 24 de julho se anunciava aqui a realização do 35ª Encontro de Debates sobre o Ensino de Química, reportei-me à primeira edição em dezembro de 1980 quando ocorreu o primeiro EDEQ, na PUC de Porto Alegre.
Contara então, que desde que realizamos nos dias 2 e 3 de outubro de 2014, o 34º EDEQ na UNISC, em Santa Cruz do Sul vivêramos uma preocupação: encerramos o encontro sem saber onde nos encontraríamos em outubro de 2015, para o 35º EDEQ. Usualmente, há disputas entre as instituições para sediar a próxima edição. Já houve situações de designarmos instituições para os dois anos seguintes. Desta vez não tivemos sucesso nas petições. Desde outubro de 2014, fizemos tentativas. Depois de muitas discussões, optamos que neste difícil 2015 faríamos um evento menor em apenas um dia.
No sábado que passou aconteceu mais um EDEQ. Graças aos esforços competentes e dedicados do colega Marcus Eduardo M. Ribeiro, doutorando em Educação em Ciências e Matemática – PUCRS e outros colegas e diversos apoios institucionais reunimos no colégio Marista Rosário, mais de meio milhar de participantes do Estado e de algumas outras unidades da federação como SC, PR, SP, MG, MT, AM. Aliás, um EDEQ muito feminino, pois de cada quatro participantes 3 eram mulheres.
Prof. Edni Oscar Schroeder na conferência de encerramento Foto de Aniele Valdez
Marcados por um tema central: Da universidade à sala de aula: os caminhos do Educador em Química, tivemos três conferências: na abertura: A formação de professores na perspectiva do processo de empoderamento pelo Agnaldo Arroio (USP); a tarde: Programas de Iniciação à Docência proferida pelo Hélder Silveira (UFUberlândia); e no encerramento: Educação Química e a segurança alimentar por Edni Oscar Schroeder (CONSEA-RS).
Houve ainda 4 sessões de temas em debates, dois painéis e apresentação de cerca de 150 trabalhos, divididos em 19 sessões orientadas diversas temáticas.
Houve um fórum extraordinário de ex-coordenadores dos EDEQs anteriores no qual foram geradas duas decisões:
A primeira: a criação de um fórum permanente para, entre outros fazeres, gerir a realização dos próximos eventos. Uma comissão provisória formada por Maurivan Güntzel Ramos (coordenador) Marcus Ribeiro, Bruno Pastoriza, Judite Wenzel e Attico Chassot.
 A segunda definição da sede e coordenação dos próximos quatro EDEQs: 36º (2016) UFPel e IF-Sul, em Pelotas, coordenado por Bruno Pastoriza; 37º (2017). ULBRA, Canoas, coordenado por Joel Cardoso; 38º (2018), FURG, Rio Grande, coordenado por Aline Dorneles: 39º (2019) UNIVATES, Lajeado coordenado por Jane Herber.
Aquelas e aqueles que no Rio Grande do Sul buscam trazer para a Educação Química um espaço de disseminação de ações marcadas por resultados de reflexões coletivas de educadores consolidaram, neste 17 de outubro, propostas muito relevantes. Já estamos expectantes por nos reencontramos em outubro de 2016* na simpática Princesa do Sul.
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* Corrigido para 2016 em função do alerta do Prof. Luís Otávio Amaral: Parece haver um lapso na chamada do reencontro: Princesa do Sul é Pelotas. Ou não? Se for Pelotas, onde nasceu minha avó materna, o reencontro para o 36o. ENEQ será em 2016; não em 2017.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

16.-- ASSUSTADOR


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Assustador... esta foi a adequada manchete de um jornal de Porto Alegre, para definir o que se viveu aqui no Rio Grande do Sul na virada de 14 para 15 de outubro. Ocorreu o terceiro temporal em poucas horas. Ventos de mais de 100 km/h; precipitações pluviométricas, quando em poucos minutos choveu mais que as médias mensais; granizo que branqueou ruas, campos e telhados. Tudo isso com o ribombar de trovões fazendo efeitos sonoros especiais iluminados por raios que pareciam perpetuar a iluminação. 
Estes três fenômenos determinaram que houvesse milhares de famílias desabrigadas e o desabastecimento de água (isso quase parece um paradoxo!), energia elétrica, telefone, internet. Centenas de casas foram totalmente destelhadas com a perda de bens móveis.
 Não tenho a pretensão, e muito menos condições, de fazer um registro jornalístico de como ‘o nosso dia do professor de 2015’ ficou deslustrado. Os cumprimentos efusivos que chegavam pelo 15 de outubro, pareciam tintados de tristeza, pois tinham sabor de absinto. O infortúnio dos outros, apaga nossas ditas.
No meu prédio ficamos 16 horas – estas pareceram uma (quase) eternidade – sem energia elétrica. Várias horas depois do restabelecimento da energia elétrica ainda estávamos sem internet e sem telefone. Claro que o meu desconforto não se assemelha, nem de perto, aos dissabores que vivem milhares de famílias por aqui. Havia um número significativo que foram alojados em barracas, devido à inundação anterior, que na madrugada de ontem tiveram os acampamentos arrasados. Sei que mesmo estas tragédias locais não se comparam com o sofrimento que vivem, por exemplo, os sírios no seu doloroso êxodo por vários países da Europa.
É significativo como nestes momentos nos damos contas do quanto somos dependentes da energia elétrica. Sem esta preciosa benesse nos legada pela Ciência e pela Tecnologia (talvez, só a roda seja mais preciosa) não temos água, elevadores, refrigeração e conservação de alimentos, aquecer um café, sinalização nas ruas, telefone, internet etc.
Dava-me conta porque um significativo número de pessoas, ao se referir à falta de energia elétrica diz: estamos sem luz. Metaforicamente, está certo, pois falta-nos a luz quase necessária à sobrevivência. Mas, talvez a explicação seja outra. Há um tempo, a energia elétrica era de uso quase exclusivo para iluminação (noturna). Ela substituiu lampiões, candeeiros, velas etc. Quando à noite ela faltava, era natural dizer: estamos sem luz. No cotidiano parece que ausência da energia elétrica faz mais falta de dia que de noite. Prodigiosa Ciência e Tecnologia que nos oferece esta benesse maravilhosa. Como estou sem Internet não pude ir a Wikipédia para fazer, aqui e agora, uma ilustração histórica acerca de Benjamin Franklin no século 18. Fica para outra blogada.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

13.— Fundamentalismo cristão é um projeto de poder


ANO
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A revista Carta Capital publicou em 29SET2015 um artigo que amealhou dezenas de comentários: uns a favor, outros contra. Reproduzo – e nisso traduzo minha adesão ao texto – Fundamentalismo cristão é um projeto de poder de Carlos Juliano Barros, jornalista (USP) e mestre em Geografia (USP). Por dever de ofício, somos obrigados a conhecer, também, nossa história cotidiana. É nesta dimensão que trago aqui o artigo objeto de polêmicas.
O Estatuto da Família aprovado [em 24SET2015] por uma comissão especial da Câmara dos Deputados é o mais recente capítulo de um processo que vem se desenhando a conta-gotas no Brasil.
Definitivamente, o avanço do fundamentalismo religioso já não pode mais ser encarado como folclore ou teoria da conspiração. E não se trata apenas de marcar posição contra o casamento gay, o direito ao aborto, a regulamentação da prostituição ou a legalização do uso da maconha. O que está em jogo é um projeto de poder baseado numa pretensa “moralização” da sociedade brasileira.
Ao longo das últimas décadas, os fundamentalistas cristãos praticaram uma musculação discreta, anabolizada pelas isenções de tributos garantidas às igrejas na Constituição de 1988. Aos poucos, foram capilarizando sua influência. Os canais abertos de televisão se converteram em plataformas de propaganda religiosa.
Com a benção – e o dinheiro – do Ministério da Saúde, o tratamento dos dependentes de drogas foi delegado a “comunidades terapêuticas” comandadas por igrejas. Nas penitenciárias de todo o país, os detentos passaram a receber de missionários cristãos, e não de agentes do Estado, até itens básicos de sobrevivência, como escova de dente e papel higiênico.
O fundamentalismo cristão, refletido principalmente nos discursos das igrejas evangélicas neopentecostais, ganhou corpo arrebanhando fiéis entre os párias da sociedade brasileira: a camada mais vulnerável da população que o Estado desprezou e que os movimentos sociais não conseguiram mobilizar. Mas esse diagnóstico já não dá mais conta de toda a história.
Hoje, o pastor Silas Malafaia promete pagar os estudos do primeiro membro de sua igreja – a Vitória em Cristo – que for aprovado em Harvard. Na internet, jovens de classe média e alta defendem com unhas e cliques os valores da família tradicional.
Em outras palavras, o discurso do fundamentalismo cristão não se populariza apenas entre os pobres e desvalidos. Na verdade, ele cai como uma luva para qualquer um que se identifique como conservador nesse clima de caça às bruxas que se instalou sobretudo nas redes sociais.
Faz pouco tempo que o fundamentalismo cristão entrou de fato no radar da opinião pública. Isso aconteceu em março de 2013, quando o deputado Pastor Marco Feliciano, acusado de fazer declarações racistas e homofóbicas, assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Os protestos contra a nomeação de Feliciano acenderam uma fagulha que explodiu nas manifestações de junho daquele ano - que até agora não terminou. De lá para cá, a oposição entre ativistas e conservadores só se acirrou. E, desde as eleições gerais de 2014, os discursos de ódio dão a linha de qualquer debate no país: vivemos uma espécie de macarthismo tupiniquim digital.
Não há como negar que uma força política ancorada no fundamentalismo cristão, hiperconservadora nos costumes e ultraliberal na economia, está se consolidando no Brasil. A referência vem da direita dos Estados Unidos – de onde os pastores evangélicos brasileiros copiam quase tudo.
No Congresso Nacional, eles atuam para sacramentar em forma de lei a ideia de que uma família só é digna desse nome se for constituída por “papai, mamãe e filhos”, como define o deputado e pastor Ronaldo Fonseca.
Ou para impedir que o Plano Nacional de Educação contenha diretrizes claras para combater preconceito por identidade de gênero. Ou para garantir que o direito ao aborto não seja estendido. Ou para impedir que profissionais do sexo não possam ser reconhecidos como trabalhadores. Ou para barrar a regulamentação do uso da maconha. A lista é grande.
É esse espírito de época conflituoso que serve de pano de fundo para o documentário #Eu_JeanWyllys. Ao longo de três anos, a equipe responsável pelo filme acompanhou os passos do deputado para revelar os bastidores do Congresso Nacional.
Único gay assumido no parlamento e defensor de causas que arrepiam os cabelos dos defensores da família tradicional, Jean Wyllys é o personagem que encarna, por excelência, os embates de um tempo de posições políticas tão polarizadas. O documentário é o perfil de um personagem pop e o retrato em cores vibrantes da sociedade brasileira e da cultura digital contemporâneas. Um mosaico de temas atualíssimos que alimenta discursos de amor e ódio nas redes sociais