TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sábado, 30 de abril de 2016

30.- UMA VEZ HOUVE UM 17 de abril

ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3158

Termina abril de 2016.
Ele não entrará para nossa história como um abril qualquer. Mesmo que em todos os abris dantes houvesse dias 17, o deste de 2016 foi diferente. Talvez, um dia teremos que narra-lo para nossos pósteros, assim como neste dia 26 lembramos os 30 anos da tragédia de Chernobyl. Cada uma e cada um há de lembrar este 17 de abril de uma maneira. Não será outra edição de golpe, patrocinado como 1964, pela grande mídia e por uma potência que se considera o sherife do Planeta.
Trago aqui um vídeo que conta daquele dia. Parece que vale guarda-lo. Há duas semanas, nossa indignação foi tanta que há cenas que desejamos obliterar de nossas reminiscências.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

27.— Não deixe cortar a ‘nossa’ Internet


ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3157

Vivo, GVT, OI, NET, Claro, Anatel, Ministério Publico Federal:
 Contra o Limite na Franquia de Dados na Banda Larga Fixa
"Esta mudança é ilegal e não trará benefícios para o usuário. De acordo com Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, "Nós entendemos que a Anatel não pode se omitir e aceitar essa mudança, porque o consumidor é quem vai sair perdendo. Uma mudança como essa precisa passar por uma ampla discussão antes de ser aprovada. Isso é um retrocesso."
De acordo com a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, o Marco Civil da Internet deixa claro que uma companhia de telecomunicações só pode impedir o acesso de um cliente à internet se este deixar de pagar a conta. Para a ABDC, as operadoras estão aproveitando uma brecha na legislação - que proíbe explicitamente o modo de cobrança por franquia - para "obrigar" o consumidor a pagar mais caro por um plano com um limite maior, mesmo que a qualidade da conexão ainda deixe a desejar em termos de estabilidade e velocidade.
A ideia das operadoras visa forçar os seus clientes a trocaram para um plano com internet mais rápida no intuito de terem uma maior franquia mensal.
Para assinar a petição copie:
https://secure.avaaz.org/po/petition/Vivo_GVT_OI_NET_Claro_Anatel_Ministerio_Publico_Federal_Contra_o_Limite_na_Franquia_de_Dados_na_Banda_Larga_Fixa/?bxAUMab&v=75376&cl=9849749170 

sábado, 23 de abril de 2016

23.— DIA MUNDIAL DO LIVRO


ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3156







Em 1995, a UNESCO instituiu 23 de abril como o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, pois nesta data se assinala o falecimento de entre outros escritores, de Miguel Cervantes, o ícone da literatura hispânica e de William Shakespeare, dramaturgo inglês.
No caso do escritor inglês, tal data não é precisa, pois na Inglaterra, naquele tempo (1616), ainda utilizava o calendário juliano, havendo uma diferença de 10 dias para o calendário gregoriano usado na Espanha. Assim Shakespeare faleceu efetivamente 10 dias depois de Cervantes.
Parece ser adequada homenagem à data, minimizar o blogue e se ofertar uma ñvoadinha catalisada por um livro. E... boa leitura. 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

20.— Desvelando FORTUNA CRÍTICA


ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3156
Retirar a tarja de enlutamento, que marcou a última edição, redigida com muita dificuldade, quando os últimos impichadores* desfilavam no picadeiro a recitar aquelas baboseiras não significa que a dor desaparece. Deixo o luto, continua na luta.
·         Tinha escrito ao invés de impichadores, palhaços. Pareceu-me de tom bom optar pelo neologismo, pois estaria ofendendo uma classe de trabalhadores-artistas que admiro. Lembro de alunos desta profissão que tive em sala de aula, sempre excelentes estudantes e competentes profissionais. Para eles uma comovida homenagem na singeleza desta nota de rodapé.

A véspera de feriado, neste veranico outonal (Porto Alegre teve esta semana a maior temperatura aprilina em 100 anos) autoriza-me falar em algo mais prosaico. Na manhã de terça-feira estava na academia, em musculação, quando sou inquirido: “Aonde viajas agora?” Disse que pensava na minha mãe. Ela foi, quando solteira, professora de classes multisseriadas. Ia e voltava, a cavalo, de Santa Teresinha à Piedade. Certamente ela devia ter ganho alguma mensagem de aluno, talvez, até escrita em alemão, que era a língua materna dos nativos do vale do Forromeco. Mas nenhum rabisco ficou para contar história.
Que ficará para nossos netos de nossas fugazes escrituras no WhatsApp? Então lembrei-me que há menos de um ano, talvez até pecando pela falta de modéstia, comecei a amealhar uma Fortuna Crítica.
Ainda recentemente, não sabia o que era “Fortuna crítica”, Aliás, para fazer este texto procurei muito sobre o tema; encontrei pouco. O Priberam, meu dicionário preferido, não refere a locução. O Aulete diz: Fortuna crítica O acervo de críticas sobre obra publicada.
A ilustração é de allansieber.blogosfera.uol.com.br

Recordo ter visto pela primeira vez a expressão na página oficial de Moacyr Scliar (1937-2011). Agora, voltei e encontrei como porção destacada da página onde estão relacionados escritos sobre o escritor gaúcho. Vi o termo traduzido do português para o inglês como: critical essays. Há alguns dias recebi uma mensagem que me alegrou. Abri uma pasta nos meus arquivos: Fortuna Crítica. Agora, de vez em vez, transfiro para esta pasta mais alguns dizeres sobre mim.
A que propósito trago o assunto aqui nesses dias em que a democracia brasileira está sendo tão enlameada? Porque o texto do blogue em que refletia minha tristeza — talvez melhor seria dizer a náusea sentida ante a oitiva das infâmias e da satanização de algumas falas — publiquei também no Facebook, quase duas horas antes do encerramento da votação.
De maneira usual publico pouco no Facebook. Fiquei surpreso com a repercussão de um texto onde não dizia muito mais que vivia então: Muito provavelmente é/foi uma tarde/noite das mais tristes e humilhantes de minha história.[...] Não é o resultado que me transtorna. É o achincalhar a verdade. Aproveitar 10 segundos fugazes de fama para recitar mentiras é algo pior do que impingir à família, em um domingo, um filme pornográfico ou reproduzir cenas de estupro.
O texto teve uma repercussão imediata e espetacular. Antes de terminar a votação já havia mais de uma centena de curtidas e dezenas de compartilhamentos. Na noite de segunda-feira, 24 horas depois, já havia mais de 700 curtidas e mais de 200 compartilhamentos.
Mas sou especialmente reconhecido a mais de meia centena de comentários. Copiei alguns deles para minha fortuna crítica (assim está justificado o tema desta blogada). Houve quem escrevesse do exterior. Amigos que há muito eram silentes. Muitos que não conheço. Se, daqui a alguns anos tiver que contar a meus netos como muitos brasileiros foram humilhados e escarnecidos por uma tropilha de parlamentares malévolos vou mostrar mensagens como algumas destas:
Camila Bertamoni Obrigada PAI e MÃE por abrirem mão de suas coisas e pagarem os meus estudos, só assim pude ter o privilégio de ter aula com pessoas tão grandiosas!!!! Obrigada Mestre Attico Chassot!!!
Gilberto Telmo Sidney Marques Querido amigo professor Attico Chassot concordo com suas palavras e compartilho as suas apreensões. Ontem tivemos a oportunidade de assistir um espetáculo deprimente: um tribunal de exceção composto por muitos corruptos (cerca de 150 estão indiciados por corrupção), analfabetos políticos comandados por um gangster, o presidente da Câmara Eduardo Cunha. Senti vergonha e nojo daquele parlamento apodrecido. O acordão entre os inimigos da democracia vai salvar o mandato de Cunha. Tudo parece surreal, mas infelizmente é verdadeiro. Um abraço fraterno.
Edni Oscar Schroeder CHASSOT - Nós já somos velhos experientes ao suficiente para saber QUE A RODA GIRA! Há 2 projetos em disputa eu me sinto engrandecido (esmorecer, jamais!) por estar do lado de líderes que marcam e marcaram o nosso Brasil!
Roberto Nardi Oi Chassot Concordo contigo. Triste ver essa corja de corruptos falando em Deus, família, justiça e outras palavras que não combinam com a sujeira que eles representam... um nojo!
Marcos Calovi Estou contigo, caro mestre e colega! Que vergonha deste país, desta Câmara, de nosso STF que até agora ainda não retirou este pulha da presidência desta casa, enfim, que dizer mais. Revoltante ad nauseam. Amanhã, salvo algum milagre, teremos uma enorme ressaca democrática neste país. Que vergonha!
Marcio D'Olne Campos Estou contigo. Abraço forte, solidário e amigo.
Mateus Santos Somente um célebre educador e crítico da ciência tradicional poderia demonstrar tal sensibilidade ao redigir um texto a respeito dos atuais acontecimentos na política nacional. Mestre Chassot, sabe que tuas agruras são compartilhadas por muitos.
Necésio Pereira· La Paz, Bolívia ·Eu em meu exílio me vejo buscando entender a situação do país que por um acaso nasci, de um lugar que ao nascer diz algo sobre mim e nessa busca vou ao encontro da opinião de alguns mestres ainda vivos que eu tenho e um deles é Attico Chassot. Me preocupo...quando alguém que considero uma mente brilhante, quando alguém que considero um guerreiro da argumentação e da ciência resume sua analise a meia dúzias de frases como essa é um sinal grave de que meus compatriotas estão em uma situação bem ruim.

domingo, 17 de abril de 2016

18.— ENLUTADO


ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3155
Muito provavelmente é/foi uma tarde/noite das mais tristes e humilhantes de minha história. Enquanto otimista, embalei esperanças.
Não consegui escutar a transmissão da votação. Foi algo repugnante.
Ouvi talvez um pouco mais de uma dezena de votos. Revoltei-me ad nauseam. Ainda, de quando crente, me lembro da existência de um mandamento: “Não tomar seu santo nome em vão!” Parece revogado. Os golpistas invocavam Deus para praguejar e vomitar mentiras. Algo deprimente.
Pensara, já no sábado, escrever um blogue, independente do resultado. Não consigo.
Não é o resultado que me transtorna. É o achincalhar a verdade. Aproveitar fugazes 10 segundos de fama para recitar mentiras é algo pior do que se impingisse à família, em um domingo, assistir um filme pornográfico ou reproduzir cenas de estupro.
Temer e Cunha usurpam o governo e o fazem sob a égide de um significativo grupo de salteadores. Sem comentários. Estou muito triste

quinta-feira, 14 de abril de 2016

14.— QUEBRANDO ABSTINÊNCIAS


EDIÇÃO
 3154

Meus leitores mais assíduos aqui— e nestes tempos bicudos eles rareiam: a média diária volta a estar abaixo dos 300 — têm acompanhado as dificuldades que vivo desde que a 12 de fevereiro, quando um pró-reitor do Centro Universitário Metodista do IPA cortou radicalmente meu barato. A este propósito tenho até sido estimulado a processar o cujo por danos morais, por ter ele mentido, acerca de minha demissão, a alunos da Universidade do Adulto Maior. Mas hoje, não vou assuntar isso aqui.
Esta blogada de hoje se faz com o registro de mais uma saborosa quebra do jejum radical que me foi imposto em consequência de minha defenestração. Contei aqui, em 31MAR, o significado da fala no Campus Feliz do IF-RS e em 06ABR as sensações com o seminário no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão. Pois nesta quinta-feira trago um relato em dose dupla.
Na noite de ontem, quarta-feira, fiz uma fala para cerca de seiscentos participantes na ULBRA, no campus central de Canoas. Tentei responder a uma pergunta central: O que é Ciência, afinal? para discentes e docentes de mais de uma dezena de cursos. Minha tese central, quando faço relevante a Ciência como dos óculos para vermos o mundo, é a necessidade de abandonarmos nossas certezas e buscar trabalhar com a incerteza, assumindo posturas indisciplinares. Não foi sem razão, entre diversos depoimentos que ouvi, que me encantou uma fala de professora do curso de dança referindo a oportunidade dos assuntos abordados.
A atividade fez parte do Fórum das licenciaturas da Ulbra. Fui convidado pelo meu ex-aluno Joel Cardoso (na mesa na foto), Coordenador do curso de Química. Muito a propósito, uma das emoções da noite, ao lado de ver centenas de alunos ouvindo-me atentamente foi reencontrar mais de uma dezena de ex-alunos hoje professores da ULBRA. Também foi sumarento reencontrar colegas do período (1992-95) que fui professor do curso de Química da Ulbra.
Após a palestra, significativas questões trazidas pelo público ensejou a extensão das propostas antes apresentadas. Ainda houve uma concorrida sessão de autógrafos de alguns de meus títulos. A Gabriela foi uma muito competente livreira.
Meu retorno de Canoas foi com meu colega e amigo Prof. Guy Barros Barcellos, coordenador da área de Ciências da rede de escolas da Ulbra. Por uma gostosa coincidência, minha viagem esta tarde à Estrela será com o Guy, que vai a Lajeado proferir uma fala na Univates. Ele também é o autor da foto que ilustra esta nota, postada no Facebook com cerca de duas centenas de curtidas e compartilhamentos.
Na noite de hoje, quinta-feira, farei uma palestra no Colégio Santo Antônio em Estrela. Esta fala teve a iniciativa e é organizada pela minha filha Ana Lúcia.

 Seus três filhos: Guilherme (11 anos) Felipe (05) e Lucas Francisco (02) são alunos do Santo Antônio. Encantou-me ver a mãe que — por acreditar que seu pai possa trazer uma contribuição para escola de seus filhos — oferece a professoras e professores uma fala.
Dentre um grupo de temas que disponibilizei à coordenação pedagógica, a escolha foi: A Ciência é masculina? É, sim senhora! Sempre me parece oportuno mostrar, na mirada de nossos DNAs grego, judaico e cristão como nós nos construímos machista e também levantar alternativas para superar isso. Quando vivemos uma sociedade marcada por tantos preconceito é salutar (e muitas vezes, árduo) o esforço para superações.
Esta uma das palestras que me agrada. Já a proferi em dezenas de oportunidades em todos estados do Brasil, também na Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia (em cinco universidades), México e França. Muito provavelmente por isso uma emoção muito forte me envolve com a fala desta noite.

terça-feira, 12 de abril de 2016

12.— 7ª EDIÇÃO DO ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA


ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3153
Desde ontem circula a 7ª edição do Alfabetização científica: Questões e desafios para a Educação. No final de 2015, recebi uma mensagem, tendo como assunto: livro esgotado! Era do Joel Corso, Editor-adjunto da Editora Unijuí. Dizia: Professor Attico, é uma grande alegria comunicar que o livro Alfabetização Cientifica encontra-se praticamente esgotado. Vibrei. Em outra mensagem, uma recomendação difícil: Sugiro que o livro seja reduzido, pois nossos custos estão muito elevados. Não era a primeira vez que recebia tal sugestão.
Quando em 2014 escrevi a abertura da sexta edição deste livro, comentei que há quatro anos, com a 5ª edição — celebração dos dez anos do livro —, ocorrera redução no número de páginas: 72 páginas a menos. À época, falava das várias ablações feitas (como de dois capítulos inteiros: ‘Plugados e desplugados’ e ‘A farsa Sokal’). Não sem dificuldades, anuncio nesta 7ª edição a supressão de mais um capítulo: ‘Islamismo: vencendo [pré]conceitos’. Nas quatro primeiras edições este capitulo tinha 53 páginas, a partir da 5ª passou para 31 páginas; agora é totalmente supresso.
O assunto perdeu importância, para tal supressão? Exatamente o contrário. O islamismo aumentou, em muito, a importância, especialmente, no mundo dito cristão. Então, os preconceitos foram vencidos? Lamentavelmente, não. São ainda mais significativos, que quando escrevi o livro no ocaso do 2º milênio. Então não se falava, por exemplo, de maneira tão preconceituosa na islamização da Europa. Também, não lembro que se recordava, então como hoje, o não cumprimento por potências, como a França e o Reino Unido, de acordos em que eram assegurados territórios aos palestinos, prometido em tratados no entre as duas guerras mundiais.
O assunto, agora, é muito mais importante que então, e por tal não comporta considerações aligeiradas em algumas poucas páginas. O islamismo é hoje a religião que mais cresce no mundo com cerca de 1,5 bilhão de fiéis. Os cristãos são cerca de 2 bilhões, dos quais cerca da metade católicos. Só estes números serviriam para justificar um livro (e há deles em profusão!) e não um capítulo superficial. Poderia recordar que quando das edições anteriores, não se falava em Estado Islâmico. Aliás, o 11 de Setembro de 2001, que dividiu o mundo em duas eras muito distintas, só ocorreu quando da segunda edição.
Talvez devesse dizer, para me absolver da supressão do então capítulo 13: quando escrevi este livro, ainda não existia a Wikipédia. Lançada em 15 de janeiro de 2001, é talvez a maior produção solidária do Planeta, com cerca de 30 milhões de artigos (dos quais quase 1 milhão em Português) em 277 idiomas. Eu, como muitos no mundo inteiro, divido o meu envolvimento com a produção do conhecimento em aW/dW (antes da Wikipédia/ depois da Wikipédia). Assim, espero que a supressão esteja justificada.
Na abertura da nova edição canto loas ao livro suporte papel. Minha defesa do livro não tem um tom saudosista. (Como é bom sentir o aroma quase sensual de estar com um livro em uma rede!) Defendo ‘a qualidade da leitura’. É complexo fazer adjetivações. Aceito que esteja laborando em preconceitos. A leitura em suporte papel parece introspectiva e densa; em oposição a uma leitura em suporte eletrônico que se afigura como volátil e ligeira, marcada pela já caracterizada rapidação. Uma soa como especulativa ou reflexiva; outra, volátil ou grácil.
Nesta edição, como nas seis primeiras, há uma informação: Os direitos autorais desta edição destinam-se ao Setor de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Reconheço que eu não sou autor da maioria do que escrevo neste livro. Aprendi muito com meu trabalho junto ao MST. Portanto, tenho orgulho de com que este livro colaborar, mesmo que minimamente, na revolução social catalisada por homens e mulheres que lutam pela Terra e por Educação. Assim, os meus direitos de autor desta edição são para colaborar com a alfabetização científica dos alunos e alunas das escolas de assentamentos e acampamentos.
O livro traz uma novidade que não apenas formal. Ele migra da ‘Coleção Educação Química’ para ‘Coleção Educação em Ciências’. Esperando que cada um dos exemplares desta sétima edição intensifique novas rodadas de frutuosos diálogos neste admirável binômio escritaDleitura. Leitora ou leitor, aguardo tua parte. Trocar experiências é preciso. Uma boa leitura a cada uma e cada um.



sábado, 9 de abril de 2016

09.— UM OLHAR MAIS GLOBAL

ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3152

Para celebrar este sábado outonal aproprio-me de excelente análise-notícia feita por Luiz Antônio Araujo, publicada ontem em Zero Hora. O texto que transcrevo é um excelente catalisador para fugarmos desta xaroposa grenalização: coxinhas versus petralhas.
Roma, Lesbos, Constantinopla Desde o início da atual crise migratória na Europa, Jorge Mario Bergoglio esteve entre os que denunciaram em termos duros o descaso dos governos do continente com os refugiados da África e da Ásia. Em 2014, o argentino escolheu a primeira visita ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, para lançar uma advertência que, dois anos depois, continua sem paralelo em contundência: Não se pode tolerar que o Mediterrâneo se converta em um grande cemitério.
O Papa fazia referência aos naufrágios de barcos apinhados de migrantes na costa italiana. Ele também escolheu a ilha mediterrânea de Lampedusa, que se tornara um dos primeiros centros de acolhimento de refugiados, como destino em sua primeira viagem como pontífice.
Agora, porém, Francisco planeja um gesto mais ousado a fim de chamar atenção do mundo para uma das maiores tragédias humanitárias do século 21. Ele pretende visitar na próxima sexta-feira a ilha grega de Lesbos, onde centenas de milhares de refugiados do Oriente Médio aportaram no ano passado, procedentes da Turquia. A ilha está no centro de um polêmico programa de deportações de migrantes ilegais da Grécia de volta para a Turquia, acertado há alguns dias entre autoridades europeias e turcas. O Vaticano e a Organização das Nações Unidas (ONU) criticaram o programa.
Como Lesbos é território formalmente sob autoridade da Igreja Ortodoxa, a Santa Sé considerou apropriado acertar o roteiro da viagem com a cúpula ortodoxa. Nesse ponto, surgiu um problema: num reflexo de uma longa história de conflitos nacionais, o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla (o equivalente ortodoxo do Papado, com sede em Istambul) e o Santo Sínodo de Atenas (sede da Igreja Ortodoxa Grega) têm relações difíceis e disputam a primazia apostólica sobre partes da Grécia. Lesbos é uma dessas partes.
Por isso, Roma fez questão de informar que Francisco foi convidado a Lesbos pelo patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, e pelo presidente grego, Prokopis Pavlopoulos. Na visita à ilha, o Papa será acompanhado de Bartolomeu. Para a sorte dos refugiados, controvérsias religiosas têm pouco interesse. A presença do argentino e do grego em Lesbos, por outro lado, constituirá por si só um potente sinal de alarme.
Assim, nesta semana temos algo bem maior a torcer. Poderemos desacompanhar aquele ringue em que se transformou a votação do parecer acerca do impeachment. Somos mais Francisco — Paz e Bem — esta semana. Assestemos nossos holofotes na ilha de Lesbos.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

06.—Adoçando dias aziagos

ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3153

Receamos dias aziagos. Eles sabem a agouro. A situação política nos atrapalha. Cada um convive com ela à sua maneira. Eu a vivo de maneiras díspares. Ora vou sôfrego ao pote; busco ler aqui e ali, tentando fazer análises. Há momentos que só leio aqueles que estão do meu lado, catalisado pelo mote: ”Não vai ter golpe! Vai ter luta!” E luta para mim é sinônimo de resistência. Um pacifista não entente luta como briga. Há tempos que ensaio ser um alienado. Desinteresso-me por qualquer notícia política. Admitir-se estar em um ponto de saturação ajuda a fugir de disputas, por alguns fugazes agoras.
Seja qual for a maneira de conviver com a crise, em mim ela tem sintomas determinados. Usualmente vivo uma esterilidade intelectual. A produção acadêmica é, então, mais difícil. Lembro, quando morreu minha mãe em 10 de setembro de 2001, com 92 anos, vivi uma inanição, um estado de vazio intelectual quase até o fim daquele ano.
Essa difícil convivência com o estar no mundo autoriza-me a dizer de mim. Relevem se faço deste texto um saudável exercício de escritoterapia.
Agora, não está muito diferente. Em meio à crise política o Centro Universitário Metodista do IPA cortou o meu barato. Talvez, a primeira vez que uso essa expressão em texto escrito. Encontro-a dicionarizada em www.dicionarioinformal.com na acepção “Acabar com a graça, a alegria. Estragar ou atrapalhar algo.” Não podia se adequar melhor à defenestração que sofri em 12 de fevereiro.
Surge uma contra reação. Nesta sexta-feira vou voltar a lócus que por 8,5 anos muito prezei.  Não sem muitas dificuldades, atendo convite de minha colega Marlis Polidori, com quem compartilharia um seminário este semestre. Vou cumprir algo que planejáramos antes de minha degola. Por três horas vou tentar responder a mestrandos do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão: o que é Ciência, afinal?
Vivi muito a indecisão: vou/não vou. Há dias passado, depois de já ter dito sim, quase revi meu posicionamento. Em 21 de março, depois de muitas tentativas, um grupo da Universidade do Adulto Maior conseguiu ser recebido pelo Reitor. Este, ratificando a assertiva mentirosa do Pró Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, presente na entrevista, afirmou que eu não poderia continuar trabalhando no IPA porque não dispunha de horas livres. Quando em agosto me demiti da URI Frederico Westphalen, informei ao mesmo Pró-Reitor minha disponibilidade integral. Contei-lhe então inclusive o projeto de pesquisa que pretendia desenvolver. Os alunos da Universidade do Adulto Maior não conheciam essa informação e seu protesto pela minha demissão ruiu com a mentira.
Assim, é fácil ser empático e entender quanto este retorno, nesta sexta-feira, tem para mim dimensões muito significativa. Eles não vão cortar, mais uma vez, meu barato. Don't cramp my style! Vou gratificar-me com os alunos e com os professores que estarão presentes então. Vamos lá!

domingo, 3 de abril de 2016

03.—Quase um exemplo de Guerra Civil


ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3152
Sempre me parece muito pretensioso dizer o que outros mereceriam ler. Hoje, uma vez mais, farei isso. Destaco aqui um texto de Ismael Canepelle. Aqueles que já me ouviram no laboratório de escrita: A arte de escrever Ciência com arte, talvez evoquem um texto acerca do jovem que reencontra uma amiga com a mão amputada na rodoviária de Porto Alegre.
Na edição de Zero Hora deste sábado/domingo Canepelle tem um texto que desejo partilhar com cada uma e cada um dos leitores deste blogue. Acredito que vale sorvê-lo.
Eu quero que ela morra, mamãe! Minha amiga é mãe de um garoto de cinco anos. Trabalha o dia inteiro, mal tem tempo de ficar com o pequeno. Os dias do filho se diluem entre o pai, a escola e a moça contratada para cuidar. Há dias em que minha amiga conversa com o filho somente quando acorda. Quando retorna à casa, o garoto já está a dormir.
Era depois das 10 horas da noite quando ela chegou, semana passada. Como sempre, tratou de se desinfetar antes de entrar, sorrateira, no quarto da criança. Sabonetes, álcoois, lenços umedecidos. Aquela era a melhor hora do dia. Sabia que, no futuro, sentiria falta do menino. Já sentia, mesmo sem saber.
Notou que o pequeno, pela primeira vez, parecia não estar tranquilo em seu sono. O rosto carregava uma tensão que ela ainda não conhecia. Um rosto novo era aquele filho que dormia. Não demorou muito e ele acordou, assustado. Olhou para a mãe e não sorriu. Minha amiga perguntou se estava tudo bem, ao que o menino respondeu negativamente. Com o rosto sério, disse apenas:
– Eu quero que a Dilma morra, mamãe.
Exposto o desejo, voltou a dormir.
Minha amiga passou um tempo olhando em volta, tentando encontrar algum sentido na lógica desarrumada dos brinquedos. Mãe, buscava entender quando foi que o desejo de morte se instaurou no corpo do filho. No divã, procurava associar a morte da mãe à morte de Dilma.
– Talvez eu seja Dilma... – insinuou minha amiga.
– Somos todos Dilma – completou o analista.
Naquele dia, ela foi embora do consultório sabendo ainda menos sobre os desejos de morte. Saiu sem entender se devia procurar algum culpado pelo desejo incrustado no filho. No carro, tentava assimilar os arquétipos, tanto da mãe quanto da morte. Pensou em Dilma e sentiu pena dela.
À noite, voltou mais cedo para casa. Sem avisar ninguém, estacionou o carro na garagem. O carro do marido, estacionado na vaga ao lado, lhe deu quase uma certa certeza tranquila de que tudo estava em seu lugar. No elevador, passeou os dedos pelo Facebook, sentindo raiva de cada machismo sofrido pela mulher cuja morte o filho havia desejado. Correu os olhos pela lista da Odebrecht e ficou surpresa com os nomes de Manuela D’Avila e Maria do Rosário. Procurou pelo nome de Dilma e não o encontrou.
Quando abriu a porta da casa, tudo estava lá. O marido deitado no sofá, o pequeno tentando fazer os temas de casa e a televisão desejando o pânico. Os grampos de Dilma, reproduzidos à exaustão, a tornavam mais mulher e menos presidente, o que não era de todo mal. Ela beijou o marido, e ele estranhou ela ter chegado em casa mais cedo. Também estranhou a blusa vermelha e os cabelos suados. Ele perguntou onde ela havia estado, e ela respondeu:
– Eu fui na marcha lutar pela Democracia.
Depois, encarou William Bonner e sentenciou:
– Não vai ter golpe!.
O marido não conseguia entender aquele grelo duro que, subitamente, havia se materializado dentro da própria casa.
– Você saiu para defender essa bandida? – gritou o homem, saltando do sofá.
Ela nada respondeu. Pegou o filho, os cadernos e o estojo, e deixou a sala em silêncio. Desde então, os dois nunca mais dormiram juntos.