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sexta-feira, 31 de março de 2017

31.— Uma tríade sob ameaça


ANO
 11
LIVRARIA VIRTUAL em
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EDIÇÃO
3281
Catalisado por divagares variados, de vez em vez, evoco minha primeira viagem ao exterior (aqui subtraio viagens fronteiriças à Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia). Era 1989, me presenteei, pelo meu cinquentenário, algo próprio de um marinheiro de primeira viagem: entre 1º de julho e 7 de agosto, estive em onze países viajando de trem. Paris foi o início e o fim de um maravilhoso ver ‘ao vivo’ muito do que havia conhecido em minhas leituras e estudos de geografia.
Paris, naquela ocasião, se engalanava na celebração do bicentenário da Revolução Francesa — 1789/1989. Havia a celebração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, onde os muitos títulos (príncipes, conde, monsenhor, capitão...) foram reduzidos a apenas dois: Cidadã e Cidadão. A bandeira tricolor francesa: azul, branca e vermelha, é marcada por três evocações muito significativas, quase utópicas: Liberté, Égalité, Fraternité (Liberdade, Igualdade, Fraternidade).
Esta divisa -- que fez da Revolução Francesa uma esperança de parte significativa do mundo Ocidental (ela está, por exemplo, na bandeira rio-grandense) passados 228 anos --, vê-se fortemente ameaçada.
Se de1789 se pode fazer uma grande síntese: a queda de um reino (o Estado absolutista) para surgir uma República. Em 2017, a não aceitação do ‘outro’ parece macular os ideais revolucionários. O debate havido neste dia 20, em preparação à significativa eleição do dia 21 de maio mostrou a candidata ultradireitista Marine Le Pen com simpatias nas pesquisas, pois posicionou-se contra os migrantes (ou contra os estrangeiros) em favor de uma França distante da União Europeia e contra o Euro. Nisso ela se distinguiu dos demais candidatos que se apresentam favoráveis ao ‘comunitarismo’ e por tal tidos como contra uma França para os franceses. O caráter nacional — especialmente sem os islâmicos — faz esquecer a tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Há um nome que se espera possa fazer frente a esta ameaça: o socialdemocrata Benoît Hamon. Nasceu em Saint-Renan, 26 de julho de 1967) é professor licenciado em História. Ele diz de seus pais: “Meu pai trabalhou toda a sua vida ao em estaleiros de Brest; minha mãe, ela alternava períodos de cuidado de casa com trabalhos de secretária”. Benoît, casado com Gabrielle Guallar, de ascendência dinamarquesa, é pai de duas filhas.
Benoît conta: “Eu sou membro do Partido Socialista desde janeiro de 1987, quando me envolvi nos protestos estudantis contra o projeto de lei Devaquet que estabelecia o pagamento em dinheiro para o acesso à universidade. Fui presidente do Movimento dos Jovens Socialistas em 1993, entrei em 1997 o gabinete de Martine Aubry, Ministra do Emprego e da Solidariedade para monitorar a questão do emprego dos jovens”.
Foi muito competente enquanto ministro da Economia Social e Solidária e ministro da Educação Nacional, da Educação Superior e da Pesquisa de seu país, sob a presidência de François Hollande. É o atual candidato de seu partido a presidente na próxima eleição presidencial.
Assim como a Revolução Francesa extrapolou as fronteiras da França, estas próximas eleições têm significativa importância para além da Comunidade Econômica Europeia. Não é sem razões que estamos torcendo (= acreditando que pensamento mágico funcione!) para a eleição de Benoît Hamon, aderindo a sua proposta de fazer pulsar o coração da França, e assim possamos sonhar com um Planeta mais justo, marcado pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade.    

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